Juiz que mandou prender ex-ministro da Educação sofre ameaças
A Polícia Federal abriu um inquérito para apurar as ameaças e ataques realizados contra o juiz Renato Borelli, da 15ª Vara Federal de Brasília, que autorizou a prisão do ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, e de seus amigos pastores criminosos.
Desde sua decisão que permitiu que Ribeiro fosse preso, Renato Borelli passou a sofrer ameaças.
Na quinta-feira (7), seu carro foi alvo de um ataque com fezes de animais, ovos e terra, depois que o ministro saiu de sua casa, em Brasília. Borelli não foi ferido.
Segundo a PF, “a condução desse inquérito conta com amplo auxílio da Justiça Federal”.
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) foi acionado para apurar o caso e recomendou medidas de proteção para o juiz Renato Borelli.
O juiz federal foi quem autorizou, a pedido da Polícia Federal, a prisão do ex-ministro de Bolsonaro, Milton Ribeiro, e outros envolvidos no esquema de corrupção no Ministério da Educação.
O caso veio a público por conta de uma gravação na qual Milton Ribeiro admite que, por um “pedido especial” de Jair Bolsonaro, enviava recursos públicos para as cidades que eram apontadas pelos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura. Ele falou que iria “atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar”.
Milton Ribeiro é investigado pelos crimes de corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa e tráfico de influência.
Os dois pastores, como mostraram depoimentos, pediam propina de R$ 40 mil para os prefeitos que quisessem receber os recursos públicos para sua cidade. Gilmar e Arilton estiveram dezenas de vezes no Ministério da Educação, apesar de não terem cargos públicos.
A decisão do juiz Renato Borelli determinava a transferência de Milton Ribeiro para Brasília, mas os dirigentes da Polícia Federal decidiram não cumprir essa parte da decisão judicial.
Por conta desse descumprimento, o delegado responsável pelo caso, Bruno Calandrini, disse não ter “autonomia investigativa e administrativa para conduzir o Inquérito Policial deste caso com independência e segurança institucional”.
Uma ligação entre Milton Ribeiro e sua filha antes da prisão também mostrou que Jair Bolsonaro o alertou sobre os próximos passos da Polícia Federal, indicando vazamento de informação e interferência no órgão.