O WikiLeaks informou que um juiz federal ordenou nos EUA a libertação da ex-analista de inteligência e denunciante dos crimes de guerra no Iraque e Afeganistão, Chelsea Manning, por considerar que o comparecimento dela “perante o Grande Júri não é mais necessário, à luz da qual sua prisão não serve mais para nenhum propósito coercitivo”. Inicialmente, ela iria ao tribunal nesta sexta-feira (13).

Chelsea estava presa desde maio de 2019 por se negar a mentir para incriminar o editor do WikiLeaks, Julian Assange, cuja extradição está sendo pedida pelos EUA à Inglaterra, sob a acusação de que publicar os crimes de guerra foi “espionagem”.

Na quarta-feira (11) após tentar se suicidar na prisão de Alexandria (Virgínia), Manning foi levada a um hospital. Esta é a terceira vez que ela, encarcerada e submetida aos mais perversos e desumanos tratamentos, tenta o suicídio.

A hospitalização de Manning havia sido comunicada por sua equipe de advogados, que frisou que “suas ações evidenciam a força de suas convicções, bem como os danos profundos que ela continua sofrendo como resultado de seu confinamento”.

Manning estava presa por alegado “desacato” ao tribunal por se negar a depor contra Assange. O que fazia em razão de suas convicções e porque já assumira perante uma corte marcial todas as responsabilidades quanto às denúncias. Fora condenada a 35 anos de cárcere, pena que foi comutada no final do mandato de Obama, quando já passara sete anos presa.

A perseguição a Manning, e também a Assange, foi desencadeada após a publicação dos chamados arquivos de guerra do Iraque e do Afeganistão em 2010 pelo WikiLeaks, junto com alguns dos principais jornais do mundo.

O mais impactante deles um vídeo, tirado desde um helicóptero de guerra Apache, que mostra militares norte-americanos executando civis desarmados em Bagdá e uma pessoa  que levava os filhos para a escola e parou para socorrer as vítimas.

Entre os civis assassinados, um motorista e um fotógrafo da Reuters. As crianças ficaram gravemente feridas.  Tamanha foi a repercussão das denúncias, que a então secretária de Estado Hillary Clinton chegou a propor silenciar Assange com ataque de drone.

Além do cárcere, o ‘tribunal’ havia imposto uma multa de 500 dólares diários caso ela não cumprisse a ordem judicial dentro de dentro dos 30 dias do prazo e 1.000 diários depois dos 60 dias. Conforme o site releasechelsea.com, Manning acumulou até quinta-feira multas de 256 mil dólares.