Jovem grávida é morta durante troca de tiros em comunidade do Rio
Uma ação da Polícia Militar na comunidade do Lins, na Zona Norte do Rio, nesta terça-feira (8) terminou com a morte da designer de interiores Kathlen Romeu, de 24 anos, que estava grávida de quatro meses. De acordo com moradores, ela foi vítima de uma bala perdida durante o confronto entre criminosos e policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) Lins.
Em nota, a Polícia Militar informou que os agentes foram atacados a tiros por criminosos na localidade conhecida como “Beco da 14”, dando início a um confronto. Segundo a polícia, Kathlen foi encontrada ferida após a troca de tiros. Ela ainda chegou a ser levada para o Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, mas não resistiu.
A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) investiga a morte de Kathlen. Segundo a polícia, testemunhas serão ouvidas e diligências realizadas para esclarecer todos os fatos e identificar de onde partiu o tiro que atingiu a jovem.
Em tom de desabafo, o pai de Kathlen, Luciano Gonçalves, ressaltou a diferença de atuação das polícias nas comunidades e nos bairros mais ricos do Rio. “As pessoas que moram na Zona Sul só conhecem as histórias da varanda, não sabem da missa metade do que acontece nas comunidades. Quando falam que tem que entrar na comunidade dando tiro… 99% das pessoas da comunidade são de bem. O tiro ao alvo que tem na nossa área, não tem na Zona Sul. Eu falava com minha mãe: meu neto vai nascer com os pais formados. Na comunidade, não tem quase ninguém formado”, lembrou Luciano.
Ainda segundo o pai, Kathlen havia deixado a comunidade meses atrás justamente por conta da violência da qual foi vítima. “Eu tirei ela de lá por causa de violência. Foram muitos episódios de violência. Há um tempo atrás morreu um menino que foi buscar guaraná para a festa da igreja e foi alvejado. Um garoto de 19 anos. Ceifaram a vida da minha filha e falaram que foi troca de tiros. Não foi. E como foi ela, poderia ser eu: uma pessoa do bem. Colocariam uma arma na minha mão e falariam que eu era bandido”.
Sayonara Fátima de Oliveira, avó de Kathlen, esperava a visita da neta durante a tarde de terça, mas terminou por ajudá-la a ser socorrida após o tiro. “Eu pedi para entrar no carro da polícia. Falei: ‘me leva, nem que seja na caçamba’. Minha neta morria de saudade de mim, queria me visitar, e eu falando para ela: ‘não vem, você pode estar passando, sair um tiro e você perder sua criança’. Ontem, eu permiti que ela fosse”, lamentou Sayonara. Nas redes sociais, o namorado e pai do bebê, Marcelo Ramos, também lamentou a morte e disse estar “sem chão”.
“Nunca será esquecida, meu amor. Você, a Maya/Zayon, sempre irão morar dentro de mim. Estou completamente sem chão. Às vezes é difícil entender a vontade de Deus, mas sei que você está melhor que nós. Aqui só vão ficar saudades e as lembranças de você, a pessoa mais radiante que conheci na minha vida. Vou vencer por você. Que Deus me dê forças. Eu te amo eternamente”, escreveu ele.