Bombardeio a mercado à luz do dia é ato terrorista das forças ucranianas, denuncia Bartlett

A jornalista canadense Eva Bartlett, que está em Donetsk cobrindo o conflito na Ucrânia, afirmou que a mídia ocidental está “ocultando” os crimes do governo de Kiev e dos neonazistas ucranianos contra a população do Donbass, que há oito anos sofre com bombardeios.

Bartlett denunciou, em entrevista ao canal Redacted Conversations, que a Ucrânia tem cometido crimes de guerra, como ocorreu no bombardeio a áreas civis sem nenhum alvo militar, em cidades libertadas pelos russos em conjunto com as forças populares autonomistas locais.

A jornalista mencionou um bombardeio feito pela Ucrânia, usando mísseis Grad, contra um mercado, às 11h40 da manhã, horário em que o mercado estava cheio. “Cinco civis morreram e mais de 20 ficaram feridos. E isso foi um bombardeio das forças ucranianas. É esse tipo de coisa que eu tenho visto nos últimos dias”, falou.

Quando ela estava no mercado tirando fotos do bombardeio, um homem que faz parte da segurança do mercado falou: “Isso acontece todos os dias e a Ucrânia sabe que está atirando contra um mercado. Não há nenhum alvo militar aqui”.

“Isso é um crime de guerra: mirar deliberadamente em uma área pública lotada é um crime de guerra. É isso que a Ucrânia tem feito nos últimos oito anos”.

Bartlett contou que no dia 14 de março, um míssil ucraniano Toshka-U com bombas de fragmentação foi lançado contra o centro da cidade de Donetsk. “Mataram 21 pessoas e feriram cerca de 14”.

“Atirar no coração da cidade, durante o dia e sabendo que isso iria matar vários civis, é outro crime de guerra. Não é a primeira vez”. Parte dos ataques é para simplesmente “aterrorizar a população” e não tem sentido estratégico para a guerra, apontou.

A jornalista independente criticou a postura da mídia ocidental, que segue os comandos da Otan, em relação à guerra. “As pessoas que estão falando da guerra estão ignorando o fato de que a Ucrânia está guerreando no Donbass nos últimos oito anos”, falou.

As regiões de Donetsk e Lugansk são, desde 2014, bombardeadas pelas forças ucranianas dia e noite, “em violação, por sinal, dos Acordos de Minsk”, continuou Eva Bartlett. Os Acordos de Minsk 1, 2 e 3 foram firmados para parar a guerra no leste da Ucrânia, que começou depois do golpe de estado de 2014, mas as forças do governo continuaram atacando.

“A Ucrânia tem usado armas proibidas e pesadas para bombardear áreas residenciais, literalmente aterrorizando civis que moram lá, expulsando-os das vilas”.

Durante a entrevista, Bartlett ainda disse que ouviu de moradores do Donbass que “inicialmente, nós não queríamos autonomia, só não queríamos que os acontecimentos de Kiev e os massacres de Odessa viessem para nós”.

Em Odessa, dezenas de manifestantes anti-golpe foram queimados vivos dentro de um prédio por grupos nazistas e pró-golpe que os cercaram. Em Kiev, acrescentou Eva, “estão reescrevendo a história, agora glorificando nazistas e o Exército soviético, que libertou aquela região, é feito de vilão”.

Perseguições e assassinatos

“Se você é russo ou não concorda com o governo, você pode ir para a prisão, pode ser assassinado, torturado… Se você é jornalista, particularmente, existem longas listas de jornalistas que foram aprisionados, torturados e assassinados pelo serviço secreto ucraniano, pela inteligência ou pelos nazistas”, continuou em seu depoimento sobre o que está presenciando.

“Se você é contra o que o governo de [Volodymyr] Zelensky está fazendo e falar sobre isso, você corre o risco de ser assassinado”.

“Se as pessoas estão pensando que a Ucrânia é uma democracia: ela não é”, concluiu.

Na entrevista ao Redacted Conversations, Eva contou diversos casos de perseguição, tortura e assassinatos contra jornalistas ou pessoas que divergiam da política de Kiev. Ela própria está em uma “lista para matar”.

“Eu não sei quando fui parar lá ou qual crime eu cometi, se foi por ir para a Crimeia (…) ou vir para o Donbass, entrevistar civis e jogar uma pequena luz no terror a que eles são submetidos. O que eu sei é que se eu pisasse na Ucrânia, fora da região do Donbass, seria assassinada”.

Quando documentos de pessoas que estão na lista são obtidos por autoridades ucranianas, todas as informações são publicadas na lista. Em seguida, os fascistas agem para pegá-las.

Nazistas são financiados pela Otan

Para Eva Bartlett, “os ocidentais devem se preocupar que o dinheiro de seus impostos está indo para financiar nazistas. Não apenas americanos, mas os canadenses, também”.

Desde o começo da guerra, a Otan, os Estados Unidos e seus aliados têm enviado armas para a Ucrânia para prolongar a guerra contra a Rússia. Fotos mostram que soldados do grupo nazista Batalhão Azov, estão recebendo treinamento e armanento pesado vindo do ocidente.

Fotos do começo de março, menos de 15 dias depois do começo da guerra, mostram os nazistas recebendo, de militares da Otan, as instruções de como usar os mísseis antitanque NLAW, enviados pela organização.

Os EUA têm, até hoje, fornecido armas para grupos neonazistas na Ucrânia.

A jornalista Eva Bartlett destacou que esses grupos “estão desempenhando um papel importante” na guerra, como na refrega em Mariupol, e não são apenas um detalhe.

“Se as pessoas estiverem vendo as informações que vêm de Mariupol, elas estão cientes de que o Azov foi responsável pela execução de civis e por ocupar prédios residenciais”.

“Esses nazistas das forças ucranianas estão ocupando prédios residenciais, militarizando-os, atirando nas forças russas e de Donetsk de lá e, então, recebendo fogo de volta”, disse.

O apresentador do programa, Clayton Morris, lembrou que o Congresso dos Estados Unidos, antes da guerra entre Ucrânia e Rússia, chegou a interromper o envio de armas e recursos para o Batalhão Azov, reconhecendo que são neonazistas.