Parabéns Manuela D’Ávila, pela belíssima campanha no primeiro turno. Há doze anos que um candidato de esquerda não chegava ao segundo turno em Porto Alegre.

Por Jorge Furtado*

Manu enfrentou o (agora ex) prefeito de direita, o ex-prefeito de ex-esquerda que desistiu de ser ser prefeito e apoiou o seu ex-vice prefeito de direita e seu candidato à vice de extrema-direita. Ao seu lado, de esquerda, estavam Fernanda Melchionna e Juliana Brizola. Impressionante como o nível das três mulheres é superior ao dos outros homens no páreo.

Acho um tanto constrangedor ouvir gente séria e culta temer o “comunismo” de Manuela, é o tipo de argumento que se espera ouvir dos bolsonaristas amalucados. O PCdoB é o partido mais antigo do Brasil, vai completar 100 anos, já administrou dezenas de cidades e alguns estados, não há notícia de gulags no Maranhão. O espantalho do “comunismo” é frequentemente usado para encobrir o elitismo que sustenta a criminosa desigualdade brasileira, a fobia aos pobres, quando não o racismo puro e simples. Medo do comunismo, hoje, é medo de preto e pobre.

Ser de esquerda é acreditar que o estado e o poder público – nesta eleição representados pela prefeitura e pela câmara – deve governar pensando preferencialmente nos mais pobres, aqueles que mais dependem da saúde pública, da escola pública, do transporte público, da segurança pública. O estado, para quem é de esquerda, deve ser um contrapeso para equilibrar a balança que pende sempre para o lado do dinheiro (o capital, lembra?), dinheiro que paga planos privados de saúde, escolas, carros e seguranças particulares.

Temos duas semanas para conversar com os quase 500 mil porto-alegrenses que não votaram, a maior abstenção do Brasil. Temos que lembrar nossos amigos, parentes, conhecidos, que o voto é ainda a melhor maneira, na democracia, de defender suas ideias. E que, se você quer manter a cidade e o país exatamente como estão, é só não fazer nada.

Agora é Manu, a favor de Porto Alegre, contra o bolsonarismo.

 

*Jorge Furtado é cineasta

 

(PL)