João Vicente Goulart: Comunismo sim, por que não?
Tô de boa!
Pensamos por nós mesmos ou pensamos pelos outros para estar de boa?
Meu pai foi político, trabalhista e nacionalista, presidente da República e propositor das “Reformas de Base”. Acusado de comunista, foi derrubado do poder. Pelas armas. Pela prepotência, pela opressão.
Essa palavra, “Comunismo”, foi para mim, diria de tal forma, magnanimamente injusta, pois foi com essa acusação de toda uma parte da sociedade brasileira, carregada de uma crença errônea sobre o sentido íntegro do comunismo, que ilegalmente apoiou o 1º de abril de 1964, um Golpe de Estado que rompe a Constituição e instala no país 21 anos de ditadura. Vieram com ele a censura, as perseguições, as prisões ilegais, os exílios, as cassações, os desaparecidos do Estado, as torturas e o selvagismo.
Até hoje, neste difícil momento político da luta do desenvolvimento social de nosso país, a mídia, os grandes grupos industriais, nacionais e estrangeiros demonizam o comunismo, mas não explicam as suas propostas e objetivos.
A essência de nosso caminho, comunista, vem ao encontro dos jovens, do “Deboísmo”, do amor à liberdade, da luta contra a opressão, de uma unidade mundial comunitária, de solidariedade, de justiça sem coronelismo, do amor ao próximo, e do amor à terra. Almejamos a fraternidade da vida, de todos.
É a comunhão com o mundo, é o respirar à vida através da solidariedade, é olhar os outros como semelhantes, os sem teto e os que têm fome como um problema de todos, pois vivemos em comunidade. Ninguém é mais ser humano que ninguém, todos somos comuns, todos somos filhos de um só planeta.
Essas emoções de revolta quando vemos uma injustiça é um sentimento comunista. Olha dentro de ti e se sentires a mesma coisa, quando veres essas realidades a tua volta, não vais estar de boa. Vais estar querendo mudar. E não poderás justificar: “Essa vagabunda, está aí jogada com o filho embaixo da ponte, pois não gosta de trabalhar”. Esse ódio é produto do ultraliberalismo, não é coisa de comunista.
Uniremos nossas diferenças religiosas e brasileiras. O sincretismo de nosso povo nos permite construir e fazer brotar o amor entre nossas crenças miscigenadas de católicos, umbandistas, espíritas, evangélicos e ficaremos de boa.
O PCdoB está evoluindo, está crescendo e propondo um novo Brasil, propondo uma nova harmonia, uma sinfonia com todos os ritmos, das florestas, do cerrado, do pantanal, da caatinga, dos mares e dos lares, que unificarão uma grande consciência coletiva com as cores e a esperança do Brasil.
Não mudamos de nome como outros, para nos esconder.
Mantivemos nosso nome, mas atualizamos nossas ideias.
Queremos um Brasil com mais equidade, com mais comunhão, mais coletivo, comunitariamente de todos, com mais justiça, sem opressão e com idênticas oportunidades para todos.
Para todos nós mulheres e homens, pois somos todos merecedores da Pátria, pois somos todos brasileiros comuns e donos, para sempre, de nossa esperança no bem de todos.
Estamos de boa!