Deputado Márcio Jerry defendeu a liberdade de imprensa e o trabalho dos jornalistas

O deputado federal Márcio Jerry (PCdoB-MA) enquadrou o ex-funcionário de empresa Yacows, Hans River Rio do Nascimento, que é acusado de ter realizado disparos em massa para a campanha de Bolsonaro à presidência, durante a CPMI das Fake News. River afirmou que teria trabalhado também para o PT, mas não apresentou provas. Fez acusações também contra a jornalista da Folha de S. Paulo, Patrícia Mello Campos, endossadas pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro. Jerry e outras lideranças do PCdoB se pronunciaram em defesa da liberdade de imprensa.

“Apresente uma circunstância plausível, que as pessoas acreditem do seu trabalho para o PT. Porque tem que ter um contrato, tem que ter um contato, tem que ter um dia, tem que ter uma hora, tem que ter um escritório. Nos convença com clareza de informação”, indagou o parlamentar.

“Não vou dar resposta”, disse Hans.

“Não vai dar porque não tem”, rebateu o deputado.

Enfrentando Eduardo Bolsonaro

Jerry confrontou também o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL). O filho do presidente da República, pelas redes sociais, insinuou que a jornalista da Folha de S. Paulo, Patrícia Mello Campos, teria atraído Hans River para convencê-lo a dar informações sobre o esquema de disparos de mensagens em massa durante a campanha de 2018.

Jerry, que também é jornalista, defendeu Campos Mello diante dos insultos e, falou pela imprensa livre: “É óbvio que é do ofício do jornalismo buscar aquilo que está oculto e revelar para a sociedade. O bom jornalismo deve revelar para a sociedade todos e quaisquer acontecimentos que têm dimensão e interesse público. E lamento, aqui, que o Senhor Adriano da Nóbrega, que sabia muita coisa, não poderá revelar ao Brasil tudo aquilo que sabia”, alfinetou o deputado maranhense.

Hans River fez diversas acusações sem provas, entre elas, de que a jornalista teria tentado direcionar o discurso dele, de modo a incriminar o então candidato Jair Bolsonaro.

“O depoente faz aqui uma série de citações à jornalista, depreciando, tentando escamotear a questão essencial, tentando desviar a atenção, tentando agradar a plateia que o apoia aqui, que é a bancada do PSL, que veio aqui flagrantemente para defendê-lo. Quem não deve, não teme. Deveria era pedir ao senhor que esclarecesse todos os fatos relativos ao caso investigado e não querer criar uma cortina de fumaça sobre o caso. Portanto, solidariedade à Patrícia Campos Mello pelo trabalho que faz”, registrou Jerry.

Ao final, Jerry destacou que esta foi uma “oportunidade perdida”, na medida em que não faltaram contradições e faltas de respostas que “acumpliciam” Hans às práticas criminosas por ele relatadas.

Em nota divulgada no início da noite, a Folha afirmou que reagirá as declarações feitas na CPMI das Fake News. “A Folha repudia as mentiras e os insultos direcionados à jornalista Patrícia Campos Mello na chamada CPMI das Fake News. O jornal reagirá publicando documentos que mais uma vez comprovam a correção das reportagens sobre o uso ilegal de disparos na campanha de 2018.”

Defesa da liberdade de imprensa

O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB-MA), que também é advogado e ex-juiz de direito, prestou solidariedade a Campos Mello e afirmou em publicação nas redes sociais que “ todas as pessoas, inclusive jornalistas, tem o direito e, muitas vezes, o dever de processar judicialmente autores de bárbaras ofensas morais”.

A ex-deputada federal e ex-candidata à vice-presidência da República em 2018, Manuela d’Ávila (PCdoB-RS), tem trabalho para desmontar fake news que circulam na internet e saiu em defesa da jornalista.

O deputado federal Orlando Silva destacou o caráter misógino dos ataques à repórter da Folha e defendeu que todos se levantem pela liberdade de imprensa.