A Boeing orientou empresas aéreas a aterrar modelo 777 equipados com motores Pratt & Whitney

O governo do Japão e as duas principais empresas aéreas da Coreia do Sul anunciaram na segunda-feira (22) a suspensão de todos os voos com Boeings 777, após a agência federal de aviação dos EUA (FAA) ordenar “inspeções de emergência”, depois que uma aeronave similar da United Airlines teve de retornar no sábado ao aeroporto de partida em Denver, devido à explosão no ar de uma turbina, deixando um rastro de destroços por quilômetros.

Até mesmo a Boeing, que já sonhava com dias melhores pós-escândalo do modelo 737 Max, orientou às empresas aéreas no mundo inteiro que aterrem aviões desse modelo equipados com motores Pratt & Whitney PW4000, até que as investigações sejam concluídas. São 128 os Boeing 777 equipados com o mesmo modelo de motor que explodiu no sábado em pleno voo, e que terão que permanecer em terra, afirmou um porta-voz.

A decisão da agência de aviação civil japonesa afeta 13 aeronaves operadas pela Japan Airlines e outras 19 da All Nippon Airways, que deverão permanecer em terra até nova ordem, segundo um porta-voz do Ministério dos Transportes do país.

Por sua vez, as empresas sul-coreanas atingidas são a Korean Air, a Asiana e a transportadora de baixo custo Jin Air, que operavam no momento 17 aeronaves.

O avião da United decolara de Denver, no estado do Colorado, com destino a Honolulu, no Havaí, sofreu uma falha, seguida de incêndio no motor. Mesmo com apenas uma turbina, o piloto retornou imediatamente para o aeroporto da cidade, relataram autoridades locais.

Em um vídeo filmado de dentro do avião, no qual viajavam 231 passageiros e dez tripulantes, o motor direito é visto em chamas, na asa do Boeing 777-200, enquanto a aeronave sobrevoava uma paisagem árida. Não houve feridos no avião ou no solo, segundo as autoridades.

As redes sociais exibiram flagrantes do incidente, com peças caindo nos subúrbios de Denver, o que foi descrito como “chuva de peças de metal”.

Para assombrar ainda mais a Boeing, no mesmo dia em que o voo de Denver deu enrosco, outro Boeing, desta vez outro modelo, um 747-400 de carga da Longtail Aviation, equipado com o mesmo motor, o PW4000, sofreu uma falha no motor a bordo logo após decolar do aeroporto de Maastricht, um aeroporto regional da Holanda, no sábado, com destino a Nova York.

Uma porta-voz do aeroporto, Hella Hendriks, disse que “testemunhas ouviram uma ou duas explosões logo após a decolagem e o piloto foi informado pelo controle de tráfego aéreo que um motor estava pegando fogo.” Nas redes sociais apareceram fotos perturbadoras de destroços de motores que se espalharam pelas ruas de Meersen .

“As fotos indicam que eram partes da lâmina do motor , mas isso está sendo investigado”, disse Hendriks. “Vários carros foram danificados e pedaços atingiram várias casas. Pedaços foram encontrados em todo o bairro residencial em telhados, jardins e ruas.” De acordo com o Guardian, uma mulher em Meersen foi ferida pelos destroços que caíram.

Segundo o Aviation Herald, a aeronave foi desviada para Liege (Bélgica), despejou combustível e cerca de uma hora depois da partida conseguir fazer um pouso seguro. A Longtail Aviation disse que é “muito cedo para especular sobre qual pode ter sido a causa do problema” e que estava trabalhando com investigadores do governo holandês, belga, das Bermudas e do Reino Unido.

O diretor da FAA, Steve Dickson, disse em um comunicado na noite de domingo que as autoridades ordenaram as inspeções após examinar a lâmina oca do ventilador que falhou, provocando a falha no sábado; a diretriz cobre aviões Boeing 777 equipados com certos motores Pratt & Whitney PW4000 e “provavelmente significará que alguns aviões serão retirados de serviço.” Pouco depois da diretiva da FAA, a United publicou um comunicado dizendo que “por precaução” pousaria 24 aeronaves B777 com motores P&W 4000.