Jandira: Nenhuma mulher defende aborto como método contraceptivo
Mulheres em várias capitais, como Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte, Brasília, tomaram as ruas de suas cidades para protestar contra a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 181/15, que entre outras coisas, proíbe o aborto no Brasil.
Parlamentares que defendem a PEC 181 querem impedir a interrupção da gravidez inclusive em casos de estupro ou risco de morte da gestante – hoje permitidos por lei. O texto foi aprovado na última semana por 18 deputados em comissão especial que analisava o tema e ainda aguarda votação de destaques.
Para a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), é inacreditável que em pleno século 21, onde o mundo debate a ampliação de direitos à saúde reprodutiva, um grupo de deputados fundamentalistas aprove medida tão retrógrada.
“Nenhuma mulher defende o aborto como método contraceptivo, quer apenas que não haja esse corte de classe, que diante da mesma lei, mulheres que tenham dinheiro sobrevivam e mulheres pobres morram em clínicas clandestinas. Parece que as autoridades viram de costas para isso e a bancada fundamentalista nos leva às trevas de novo, sem que esse debate seja levado à sociedade. Infelizmente, esse é mais um retrocesso vivido no Brasil”, disse a parlamentar no ato na Cinelândia, no Rio.
Segundo ela, é necessário que as mulheres protestem cada vez mais para que a proposta não avance no Plenário da Câmara e sequer vá ao Senado Federal.
Em Minas Gerais, a deputada Jô Moraes (PCdoB) também criticou a inclusão da medida na proposta. Segundo ela, o texto original da PEC é correto, pois amplia o direito à licença maternidade para mães de prematuros, mas uma manobra incluiu a proibição definitiva do aborto no país, direito conquistado há 70 anos para os casos de estupro, risco de morte da gestante e, mais recentemente, fetos anencéfalos.
“O mais simbólico é que as mães levaram seus filhos para demonstrar que o que defendiam é que mulheres estupradas e com risco de vida pudessem ter direito a interromper a gravidez, assistidas pelo Estado, como previsto no atual Código Penal. É preciso parar com este discurso hipócrita, muitas mulheres estão morrendo por conta disso”, alertou.
De acordo com Jô, os movimentos de mulheres devem pedir audiência com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para que o parlamentar não paute a matéria em Plenário. Na última sexta-feira (10), em seu Facebook, Maia escreveu que a proibição do aborto em casos de estupro “não vai passar” na Casa.
Fonte: PCdoB na Câmara