Uma outra pandemia precedeu a atual no Brasil. A primeira transformou parte considerável da população em indivíduos intolerantes, fanáticos e obedientes seguidores dos que lançaram sobre eles o vírus da ignorância.

Por Jandira Feghali*

Chegamos, então, a segunda pandemia – a do coronavírus – num cenário já desgastado e fértil para que, contra todas as evidências científicas e experiências internacionais, uma parte assustadora dos brasileiros e brasileiras defendam iniciativas que colocam em risco suas próprias vidas.

Na China, o combate a covid-19 se deu com o uso da tecnologia e contou com a disciplina exemplar de seu povo. As regras lançadas pelo Estado foram seguidas à risca e todo o povo chinês agiu para conter o vírus.

Aqui, ao contrário, enquanto as autoridades sanitárias tentam alertar sobre a importância do distanciamento social, o presidente da República incentiva a indisciplina. Aquele que deveria dar o exemplo, adota diariamente, em discursos e em ações, um comportamento irresponsável e criminoso que vai contra todas as recomendações.

Pensa em editar um decreto para liberar o comércio e expor mais pessoas à contaminação. A justificativa é sempre a mesma: o Brasil não pode parar, a economia deve prevalecer, as mortes são meras fatalidades que ocorreriam de qualquer forma.

Ora, o tesouro nacional tem R$ 1,3 trilhão e o governo federal ainda pode emitir moeda, podendo assim garantir recursos para pagar o que o Congresso aprovar e assegurar renda emergencial para o povo, proteger empregos e as micro, pequenas e médias empresas. Ampliar os recursos para o Sistema Único de Saúde (SUS), garantir respiradores, equipamentos para proteger os profissionais, testes diagnósticos, insumos, aliviar contas de água, luz, internet, subsidiar o gás de cozinha, entre outras medidas.

Em outras palavras, garantir a vida e o emprego. Esta é a obrigação e a responsabilidade de um chefe de Estado. Mas, no caso do Brasil, temos visto o oposto. Alguém que despreza as pessoas, ignora a ciência e que, não satisfeito com o sucesso do primeiro vírus lançado, agora pretende abrir caminho para o segundo.

Se não conseguimos a tempo vencer o vírus que cegou as pessoas é fundamental derrotarmos o coronavírus e a política que se alia a ele. Para tanto, vamos nos manter firmes nas medidas que já se mostraram eficazes em outros países.

Vamos fazer nossa parte aprovando leis que ajudem o povo brasileiro a enfrentar este momento. Vamos cobrar do andar de cima para que recursos não faltem. Vamos olhar pelos profissionais de saúde para que recebam a proteção necessária ao exercício de suas funções.

E, principalmente, vamos ignorar e derrotar o homem que sabia de menos.

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