A bancada do PCdoB na Câmara apoiou a condenação de Jair Bolsonaro (PSC-RJ) pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) pelas ofensivas misóginas contra a deputada Maria do Rosário (PT-RS). As deputadas do PCdoB Jandira Feghali (RJ) e Jô Moraes (MG), estavam presentes no Tribunal em solidariedade a Maria do Rosário. As comunistas se manifestaram. “É uma vitória contra a cultura do estupro”.

Nesta terça-feira (15), o deputado foi condenado em terceira instância por danos morais contra a parlamentar ao incitar estupro. Bolsonaro deverá indenizá-la em R$10 mil e se retratar publicamente.

Em 2014, Jair Bolsonaro afirmou que não estupraria Maria do Rosário, “porque ela não merece”. Como se fosse um prêmio, ou alguém o merecesse.  Não contente, reafirmou o que havia dito em suas redes sociais e, durante uma entrevista à imprensa gaúcha, repetiu que “ela não merece ser estuprada porque ela é muito ruim, porque ela é muito feia, não faz meu gênero”.

À época, a parlamentar apresentou queixa-crime contra o deputado, e dias depois a Procuradoria Geral da República (PGR) denunciou Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal (STF) por incitação ao crime de estupro. O STF analisou a denúncia e tornou o agressor réu.

Em entrevista à imprensa, a parlamentar comemorou a decisão e agradeceu o apoio à causa que não é só dela, mas de todas. “Aqui representamos milhões de mulheres e meninas. Queremos mostrar que ninguém pode humilhar qualquer ser humano, destruí-lo moralmente ou incitar o ódio contra ele. Bolsonaro já recorreu duas vezes, e essa é a nossa terceira vitória. O que me importa aqui não é valor que ele precisa pagar, mas sim que ele nunca mais possa dizer isso para nenhuma mulher”, disse Rosário.

Jô Moraes também se pronunciou sobre o acontecimento “É uma vitória, sobretudo do combate à cultura do estupro. Ao votar, o STJ se pronunciou tecnicamente de forma correta, mas também deu uma resposta filosófica: a defesa das mulheres contra a violência é parte integrante da defesa humana e da justiça”, apontou.

Em tempos de combate à violência, mais do que com a justiça, que às vezes falha, é preciso praticar a sororidade. “Mexeu com uma, mexeu com todas. Essa decisão nos dá muita força e reflete a coragem de uma mulher e uma ação que protege as brasileiras. A imunidade parlamentar não pode ser justificativa para apologia ao crime. Não seremos passivas de atitudes discriminativas ou criminosas”, esclareceu Jandira Feghali.