Jandira Feghali: É a nossa vez
A derrota da reforma trabalhista na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado Federal abre um novo momento para as forças do campo progressista e de esquerda deste país.
Por Jandira Feghali*
Ao enterrar o relatório do senador Ricardo Ferraço (PSDB/ES) e aprovar o relatório com parecer pela rejeição do senador Paulo Paim (PT/RS), o colegiado do Senado responde aos diversos protestos espalhados Brasil a fora contra a perda de direitos históricos e reforça o enfraquecimento óbvio de um governo sem ética e escrúpulos. Sua derrota também mostra a divisão e fragilidade da base aliada, mostrando um presidente enfraquecido também politicamente.
A proposta do Governo, como se sabe, é um escândalo. Mexe em mais de 100 artigos da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e estabelece um novo padrão para o mercado de trabalho, onde o patrão ditará as regras. Férias, décimo-terceiro e horas extras poderão cair por terra em negociações esdrúxulas e subterrâneas – às sombras da proteção do direito do trabalho – forçando trabalhadores a perderem benefícios em troca da garantia de seu emprego. A reforma trabalhista não passa de uma encomenda diabólica do mercado no pós-golpe para ampliar seu lucro em detrimento do esforço de milhões de brasileiros.
O combate ao desemprego não se deve dar no campo da diminuição de benefícios do empregado, mas no fortalecimento da economia e geração de oportunidades. O campo brasileiro é vasto, mas falta competência aos “cabeças de planilha” para lutar contra a crise que nosso país vive.
Temer sabe que precisa aprovar as reformas do mercado para ficar no poder, mas jaz à míngua de popularidade (apenas 3% aprovam seu governo) e rodeado de acusações com provas de crimes contra a pátria brasileira. Tenta se esquivar das denúncias do empresário Joesley Batista, mas cada vez mais se vê envolto a um passado de extrema comunhão com o dono da JBS. Como negar a reunião às 23h da noite no subterrâneo do Palácio do Jaburu ou as constantes viagens no jatinho da JBS? Aponta o dedo para aquele que sempre o serviu em conversas nada republicanas.
A derrota da reforma trabalhista é uma lufada de ar fresco neste momento. Ainda que possa continuar tramitando no Senado, sua queda na CAS reforça a luta popular nas ruas e a greve geral indicada pelas centrais trabalhistas no próximo dia 30. Dá energia aos movimentos sociais e populares na busca de derrotar de uma vez por todas a reforma que subtrai direitos. Nos próximos dias, aeroportos serão tomados pelos trabalhadores e o Senado terá uma vigília por parte de sindicalistas. A pressão será máxima contra Temer e seus aliados. É a nossa vez.