Em coletiva à imprensa na nova função de líder da Minoria na Câmara, a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) previu nesta quinta-feira (14) uma luta difícil, complexa e num nível de disputa acirrada no parlamento. Nesse contexto, uma das prioridades dela será construir a unidade do campo de esquerda na oposição e abrir espaços para os demais parlamentares a fim constituir uma frente ampla que possa resistir a agenda contrária a democracia e aos direitos sociais.

A condição de ser uma mulher assumindo a liderança é outro fator importante na avaliação da deputada, pois isso funciona como uma afirmação feminina no parlamento e na oposição.

Questionada sobre a série de crises no atual governo, Feghali diz que elas têm um conteúdo aético e de corrupção. “Existem várias crises que vem se apresentando desde que esse governo assumiu: entre o presidente e o vice; e entre o vice e o clã da família e seu ideólogo Olavo de Carvalho”, exemplificou.

A parlamentar destaca as denúncias de corrupção envolvendo Flávio Bolsonaro, senador e filho do presidente, que tem seu ex-assessor investigado por movimentação financeira atípica e ligação com milícias. E agora o suposto uso pelo PSL, partido do presidente, de verbas públicas do Fundo Partidário com candidaturas laranjas.

“Todo mundo tira o corpo fora, parece que não tem nada a ver com o PSL, nem com as eleições e nem com o processo de corrupção eleitoral (…), nas denúncias de financiamento empresarial das fake news”, diz.

Para ela, todo esse processo expôs a falsa moralidade do discurso do próprio Bolsonaro, uma vez que havia dito que ninguém denunciado no governo ficaria no cargo. “Agora se ministro cai ou ministro fica é uma questão do governo”, afirmou.

Previdência

A deputada antecipou aos jornalistas que a Liderança da Minoria será um polo de construção de conteúdo, de luta e de resistência à proposta de reforma da previdência que está chegando a Casa.

“A (Liderança) Minoria será um centro de articulação não só do parlamento, mas dos movimentos sociais e das entidades na formação intelectual nesse campo de conteúdo ”, disse.

Segundo ela, a primeira tarefa será enfrentar a desinformação. “Há muita mentira em relação a Previdência, a começar pela questão do déficit e a que se destina a reforma”, diz.

Feghali acredita a capitalização do sistema bancário aberto virá no texto a ser apresentado. A proposta abre aos banco o sistema previdenciário brasileiro.

“Nós vamos mostrar qual o resultado das experiências já vividas. Não tenho dúvidas nenhuma de que a sociedade brasileira será contra”, aposta.

“Eles falam de privilegio, mas na verdade o que eles estão impedindo é que a população mais pobre possa se aposentar. Esse problema é grave. Uma pessoa precisa contribuir 40 anos. Não é trabalho é contribuição. Isso vai inviabilizar a aposentadoria no Brasil, principalmente das mulheres que têm rotatividade maior, salário menor e menos (tempo) de contribuição”, lamentou.