Jandira Feghali: As ruas vão cantar
As ruas ecoam em vários cantos do Brasil gritos que exigem democracia e direito de escolha. Após 48 horas do ato amplo pelas Diretas Já, realizado no domingo (28), rente às areias da Praia de Copacabana, o Senado Federal aprovou na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) a proposta de emenda constitucional que institui as diretas para presidente ainda em 2017. Isso revela que as ruas ditarão o futuro de nosso país. Um avanço importante neste cenário tão desolador de crise institucional e ética.
Por Jandira Feghali*
Assim como no Rio de Janeiro, atos se espalharão pelo Brasil com as bandeiras “Fora Temer”, eleições Diretas Já e a paralisação das reformas trabalhista e previdenciária. É o que ocorrerá no domingo em São Paulo e Pernambuco, nas cidades de Olinda e Recife, e no subúrbio do Rio, com Monarco, Tiago da Serrinha, Dorina Barros e Yasmin Alves. O Parque Madureira cantará o samba para pedir um governo do povo.
A energia que pulsa nessas manifestações aponta para o restabelecimento da democracia, fragilizada desde 2016 com a queda da presidenta Dilma Rousseff. Na ocasião, maioria do Parlamento rasgou 110 milhões de votos e, mais precisamente, 54 milhões de votos vencedores da eleição de 2014. E agora querem sequestrar do povo a próxima decisão?
O Governo não pode impedir de vir a voto no plenário da Câmara dos Deputados a proposta que já tramita por aqui. E mais, Temer não pode impor sua agenda sem aprovação das urnas. Ameaça usurpar os direitos do povo por medidas provisórias, que tem efeito imediato, para garantir apoio do mercado e manter-se no cargo. As elites manobram e buscam alternativa a Temer com nomes que garantam a continuidade de sua agenda contra o Brasil e contra o povo brasileiro, que já deixou clara sua posição contra as reformas e contra o governo.
Aliás, um governo sem voto e sem popularidade não pode apontar saídas para o Brasil através de uma visão unilateral com o capital. Como revelou sem qualquer constrangimento o presidente da Câmara e espécie de “líder do Governo”, a agenda do Parlamento tem que ser a agenda do mercado. É um desrespeito completo com a população trabalhadora e mais pobre desse país.
Por fim, o Partido Comunista do Brasil não trabalha para dar seu voto a um candidato indireto que represente o mais do mesmo e entre para tocar as mesmas reformas que Temer. O esforço da nossa bancada é para devolver ao povo desta nação a chance de retomar os caminhos democráticos de futuro, com eleição direta, sem malabarismos golpistas que muito bem conhecemos, como também apontar um programa que garanta nossa soberania, desenvolvimento e direitos. Fora Temer e Diretas Já!
*Médica, deputada federal (PCdoB/RJ) e vice-líder da oposição