Jandira Feghali: Agonizando em berço esplêndido
O país da trincheira do golpe encerra outubro demasiadamente envergonhado. O jogo da segunda denúncia da PGR contra Michel Temer foi disputado, mas se mostrou sujo, bolorento e mal cheiroso. Vimos o submundo da política se movendo a todo custo para blindar o presidente, mas que não conseguiu ficar oculto em todos os seus asquerosos lances.
Por Jandira Feghali*
Repulsivas e agressivas, estas forças se apoiaram na pouca confiança que ainda existe na boa política. Estes deputados se posicionaram ao lado de Temer e viraram as costas para o país.
Em meu voto no Plenário, expus o que o Brasil sentia: VERGONHA! Como um governo corrupto negocia a compra de deputados, e os mesmo se vendem, vendem o Brasil e os direitos do povo?! Por 251 votos contra 233, não foi autorizado investigar Temer, Moreira Franco e Eliseu Padilha. E isso mesmo diante de áudios, vídeos, malas de dinheiro, provas robustas…
A manutenção dessa gente no governo deixa o Brasil agonizando em berço esplêndido. Com ataques acelerados e sem qualquer pudor, a soberania de um projeto de Brasil, a democracia e os direitos estão definhando.
O custo da imoralidade chegou a R$ 32 bilhões, com repasse de verbas regionais aos redutos eleitorais dos deputados, perdão de dívidas de empresas, do agronegócio e leniência para bancos. Num país com dificuldades financeiras, ver o Governo e a Câmara fatiar e pilhar a nação para livrar a cara de Temer é de revoltar.
E a agenda de retrocessos só se reafirma. Como o Governo pode anunciar a retomada da reforma da Previdência após perdoar dívidas bilionárias de empresas rurais com a própria Previdência? Mas para beneficiar o sistema financeiro, não se importarão de excluir milhões de trabalhadores do sistema de seguridade social brasileiro.
Mas luta é processo e vejo em nosso povo uma altivez que não se perderá em momentos tristes como esse. Prevalecerá nossa capacidade de dar a volta por cima e resgatar os valores de solidariedade, de visão de futuro e soerguimento do país. Que possamos, em breve, restabelecer a soberania popular pelo voto, garantir um governo progressista e popular, uma representação parlamentar mais comprometida com aqueles que lhe confiaram o voto e que possamos fortalecer mecanismos de democracia direta. O Brasil precisa e merece voltar a respirar liberdade, altivez e direitos amplos.
*Deputada federal (PCdoB-RJ)