Jandira Feghali: A nossa luta se reforça no Primeiro de Maio
Há 134 anos, a revolta que nascia em Chicago, no Estados Unidos, marcou a luta pela emancipação das trabalhadoras e trabalhadores por todos os cantos do planeta. As batalhas entre capital e trabalho buscando melhores condições de trabalho, jornada e salários levaram a muitas vitórias, particularmente no Ocidente.
Por Jandira Feghali*
No entanto, o capitalismo viveu várias crises, mas se recompôs e evoluiu para sua face mais perversa – a hegemonia do capital financeiro. Este não respeita fronteiras, Estados soberanos, proteção social, direitos, e se tornou incompatível com a democracia. Para se estabelecer provoca guerras, golpes, aprofunda desigualdades e exclusão. Intervém de forma neocolonial e quer submeter nações e continentes aos seus interesses econômicos e geopolíticos.
A era Bolsonaro, com sua equipe comandada por Paulo Guedes, é a caricatura mais cruel e agressiva dos interesses do capital financeiro e da submissão mais grotesca e desqualificada ao império norte-americano. Somada à negação da Ciência, ao preconceito, ao ódio e ao desrespeito reincidente à Constituição, os resultados são catastróficos e, por conta disso, temos acumulado perdas. E as mais graves têm sido em vidas humanas!
Em meio à pandemia de Coronavírus, uma doença que já acumula mais de 200 mil mortes pelo mundo e quase 6 mil em nosso país, é surreal e inaceitável que assistamos um presidente que nao demonstra qualquer humanidade, solidariedade e respeito à vida. Diferente de outros chefes de Estado, o presidente impõe medidas e decretos que anulam direitos das mulheres e homens que compõem a força de trabalho no nosso país, editando medidas provisórias que estimulam demissão, redução de salários, e chegou a propor míseros R$ 200 de auxílio emergencial para os mais vulneráveis.
Importante lembrar que Bolsonaro foi derrotado no Congresso, quando nós deputados e senadores conseguimos ampliar o valor da renda para R$ 600, chegando a R$ 1,2 mil por família. Agora, Bolsonaro cumpre de forma incompetente e propositada o pagamento atrasado do benefício. Após 45 dias de lei em vigor ainda não atingiu a maioria dos beneficiários e provoca aglomerações e filas nas portas das agências da Caixa Econômica Federal.
Chegamos na pandemia com a crise econômica que Bolsonaro e seu Governo aprofundaram em 2019, aumentando a pobreza e a desigualdade. São milhões de desempregados, mães solo e profissionais informais enfrentando grandes dificuldades de sobrevivência, que são forçadas a optar pela defesa de sua vida ou buscar algum dinheiro na rua.
O Governo promove uma clivagem onde não existe. Tem todos os instrumentos legais, estatísticas e leis aprovadas pelo Congresso e autorizações dadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), tem dinheiro em caixa, pode emitir moeda e proteger a renda, o emprego, a folha de salários, ajudar as micro e pequenas empresas, e MANTER AS PESSOAS EM CASA.
Mas a crueldade não para por aí.
Bolsonaro debocha, despreza a dor das famílias, se distancia da realidade, agride o Congresso, o STF, atenta contra a democracia, contra a federação, defende aglomerações, afronta as orientações da ciência, das autoridades sanitárias. Vira um verdadeiro mensageiro da morte, do desemprego e do autoritarismo.
Não planejou e nem tem comando para enfrentar uma crise desta dimensão. Sequer consegue conversar com governadores, prefeitos e, no inverso, os ofende e tenta jogar os caixões na porta de seus governos, ao invés de unir forças, passar recursos e estrutura.
Ao mesmo tempo, profissionais de saúde sem proteção adequada são expostos à doença, afastados do trabalho ou morrem. E mesmo assim Bolsonaro não resolve a falta de equipamentos de proteção individual (EPIs) no Brasil e nem cria condições para que os estados e municípios consigam esses materiais. A falta de interlocução do atual ministro da Saúde com os entes federados é de chorar, alem da falta de estratégia e medidas concretas.
Este governo é incompatível com a vida, o emprego e a democracia. Não tem mais condições de continuar no comando do nosso país!
Aos trabalhadores e trabalhadoras que estão no front da batalha contra o inimigo invisível, o coronavírus, minha homenagem e meu compromisso de luta!
Fora com este Presidente imoral, irresponsável e de falas e atitudes criminosas. Venceremos! Viva o Primeiro de Maio!