Em uma transmissão ao vivo pela internet, as chamadas “lives”, comandada pele deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ), ela, o governador do Maranhão, Flávio Dino, e o pré-candidato a prefeitura do Rio de Janeiro, Brizola Neto defenderam enfaticamente o direito à vida de todos e todas. Emocionado, Flávio Dino, inclusive, frisou a importância da vida das pessoas idosas, que são as mais ameaçadas neste momento e precisam ser consideradas.

“É evidente que quero que sejam retomadas as atividades econômicas, mas vamos fazer isso, como outros países estão discutindo, com método, com planejamento. Não essa coisa atabalhoada que vai resultar numa curva mais ascendente. E isso tem um custo econômico! Então, mesmo sob o ponto de vista mercantilista, coisificante, desta gente que acha que tudo é dinheiro, deveriam lembrar que saúde, leitos ocupados, perdas de vidas humanas, isso na ótica deles também tem monetização. Se eles acham que gente é dinheiro, que saibam fazer as planilhas corretamente”, advertiu o governador do Maranhão.

“E, evidentemente, nosso ideário é outro. Achamos que as pessoas são sagradas autenticamente e cada vida tem uma estatura inegociável, inclusive dos idosos. Porque é preciso dizer da indecência que está sendo praticada pelos setores de extrema-direita no Brasil minimizando a vida dos idosos”, criticou, lembrando diretamente a menção de governo Bolsonaro a população idosa em um programa de TV, quando disse que cada família deve cuidar de seus idosos, desresponsabilizando o Estado brasileiro.

Na transmissão, Dino lamentou a morte de 13 pessoas por covid-19 no Maranhão. Comentou que todas tinham mais de 60 anos e uma, 90. “Me doeu muito. Um líder político não pode desrespeitar os pais, as mães, as avós deste país. Temos que sublinhar que as medidas protetivas vem pra proteger a todos, inclusive nossos idosos, que tem direito à vida, enquanto for esta a vontade de Deus”, afirmou.

Ele pediu apoio da sociedade e dos empresários para as medidas de isolamento social que vem sendo defendidas pelos governadores e prefeitos, seguindo a orientação da Organização Mundial da Saúde. Ele lembra que são as únicas ações realmente eficazes pra evitar maior número de contaminações no momento, conforme explicam os cientistas.

 

Socorro financeiro

O governador parabenizou Jandira Feghali e os demais parlamentares que conseguiram “aglutinar força em torno de uma velha tese do querido ex-deputado Eduardo Suplicy (PT), da renda básica. Vocês consequiram concretizá-las, um mérito do campo da esquerda, progressista, democrático-popular”, elogiou, lembrando que os congressistas foram capazes de aumentar o valor proposto do governo de R$ 200 para R$ 600 e até R$ 1200 no caso das mulheres que são chefes de família.

“O pessoal do Ministério da Economia tem muita dificuldade de pensar fora da caixa, de se libertar do ultra liberalismo, mesmo neste momento em que o mundo inteiro está dizendo que o que se precisa é de mais Estado para enfrentar a crise sanitária e a crise econômica”, destacou, concordando com fala do Flávio Dino, o pré-candidato a prefeitura do Rio de Janeiro, Brizola Neto (PCdoB-RJ).

Ele também denunciou a lentidão para liberação de recursos do Governo Federal para estados municípios. E especialmente liberação de “dinheiro novo” para emergência sanitária e para fazer aportes necessários ao enfrentamento do desemprego e da queda na renda das famílias.

“A única agilidade que demonstram é para transferir dinheiro paro o setor financeiro”, pontuou Brizola Neto, que tratou também da preocupação com o relaxamento das medidas de restrição de circulação e dos riscos adicionais das populações das favelas. No Rio de Janeiro, ele conta, oito moradores de favelas já morreram em decorrência da covid-19.

Para Jandira Feghali, a demora do governo em liberar verba, seja para famílias, seja para estado e municípios “é surreal e inacreditável”, tendo em conta que o Congresso Nacional deu todos os instrumentos para que Bolsonaro faça pagamentos e lance mão de mais R$ 1,3 bilhão em caixa para atender às necessidades na crise.

“O Governo Bolsonaro dobra aposta no caos, no desespero. Não sei se ainda imagina tomar medidas de força neste processo. Não é possível que não haja visão clara por parte de Bolsonaro de que ele vai matar pessoas”, afirmou.

“Eles estão [governo] dificultando o projeto de socorro aos estados e municípios que precisa ser votado na Câmara”, denunciou, referindo-se a projeto pra compensar perdas da arrecadação do ICMS e abrir uma operação de crédito para os governo estaduais.

“Não é uma doação, vai ter que pagar. Não tem como governador atravessar a rua e fazer empréstimo no banco sem regulação federal”, explicou a parlamentar.

 Frente ampla

Outro tema da transmissão ao vivo entre os líderes do PCdoB  foi a frente ampla. Como reconhecido defensor do diálogo entre as diversas instâncias da sociedade, Dino foi instado a abordar o assunto.

“Tenho falado reiteradamente em frente ampla, inclusive seguindo os documentos que foram aprovados pela direção nacional do nosso partido, o PCdoB. Precisamos entender que o canto do ringue não é um local muito adequado. Você não pode ficar numa posição muito isolada e ciosa das suas verdades porque isso pode dar conforto pra pessoa dormir mais tranquila, mas não é eficiente do ponto de vista da transformação da vida concreta do povo. Este é nosso compromisso principal”, defendeu o governador.

Na opinião dele, para dialogar com o mundo real, ainda mais num país grande e diverso como o Brasil, é preciso unir diversas forças políticas. O resultado de postura oposta é o apresentado por Bolsonaro e pelo “isolamento em que ele se colocou dentro de sua própria equipe governamental”.

“Compreendo que este é o nosso principal desafio. Uma frente ampla que garanta não só resistir ao bolsonorismo, mas além disso termos capacidade de prospecção, no sentido de um projeto vencedor. Vencedor não de um ponto de vista eleitoral, de projetos pessoais, mas vencedor no sentido de um projeto de nação”, concluiu.

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