Quadro destruído por deputado do PSL denunciava racismo e genocídio dos negros no Brasil

A líder da Minoria, deputada federal Jandira Feghali, denunciou nesta terça-feira (19), pelas redes sociais, ato de depredação e racismo perpetrado pelo deputado Coronel Tadeu (PSL), nos corredores da Câmara. O parlamentar, do partido que elegeu Bolsonaro, arrancou da parede e quebrou um quadro em exposição na Câmara pelo mês da Consciência Negra. O vandalismo aconteceu no mesmo dia em que a Casa realizou Sessão Solene e parlamentares comunistas se posicionaram contra o racismo no Plenário.

O quadro depredado na Câmara pelo parlamentar do PSL trazia uma ilustração do cartunista Carlos Latuff. A imagem era de um policial com arma em punho, de costas, afastando-se do corpo de um negro vestindo camisa estampada com a bandeira do Brasil. Junto ao desenho havia dados sobre o extermínio da população negra.

Jandira garantiu que a denúncia não acaba no vídeo já divulgado. Ela fará registro de ocorrência no Departamento de Polícia Legislativa (Depol) e vai acionar o Conselho de Ética da Câmara e o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM).

Para a deputada, a atuação do parlamentar do PSL é “antidemocrática e inaceitável”.

A exposição estava montada no corredor que liga os anexos 2 e 3 da Câmara ao prédio principal.

O deputado  Orlando Silva (PCdoB-SP) também se posicionou:

 

Mais racismo

A atitude do deputado Coronel Tadeu foi defendida pelo deputado Daniel Silveira, também do PSL, ao afirmar que gostaria de “apertar a mão” de quem retirou o painel. Disse que genocídio negro é uma “falácia” e que, na sua atuação como policial militar, nunca viu tal prática.

Jandira também criticou a dala de Silveira, que durante a eleição quebrou a placa com o nome da vereadora Marielle Franco, assassinada em 2018. Jandira também lembrou do assassinato da menina Ágatha Felix, de 8 anos, morta em 20 de setembro por tiro disparado pela Polícia Militar do Rio de Janeiro.

Sessão solene contra racismo 

O ato de vandalismo e fala que nega os dados sobre genocídio da população negra por parte de parlamentares do PSL aconteceram no mesmo dia em que políticos e convidados, durante Sessão Solene no Plenário, ressaltaram as dificuldades que ainda precisam ser enfrentadas para superar o racismo e a desigualdade no Brasil.

Na ocasião, os comunistas fizeram questão de reafirmar que há racismo do Brasil e é preciso tomar medidas objetivas para o enfrentamento do problema, como as políticas afirmativas.

Para o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), o Brasil possui uma dívida histórica com os negros.

“Ela é presente e vai muito além do plano social, econômico e material. Enquanto não enfrentarmos esse déficit de saúde, de oportunidades, educação, emprego, renda, vamos ficar com esse eco muito forte. E isso penetra em outros planos da vida: o da violência, o simbólico”, afirmou.

Segundo ele, é preciso ainda reafirmar a importância das políticas afirmativas, como a política de cotas. De acordo com Orlando Silva, o governo Bolsonaro vem, sistematicamente, destruindo direitos da população, o que afeta ainda mais a população negra.

“Essa população está na mira dessa política de destruição de direitos encampada por este governo. As políticas afirmativas têm que servir para que a gente tenha afrodescendentes nos lugares de mando, de poder”, disse.

Para ele, apesar de a consciência da sociedade brasileira ter aumentado, ainda é preciso garantir debate e luta para o enfrentamento do racismo no país. “Esse precisa ser um debate central, que una forças. Precisamos combater o racismo institucional que sabemos que existe em nosso país”, afirmou.

Para o líder da bancada comunista, Daniel Almeida (PCdoB-BA), o Dia Nacional da Consciência Negra é “um momento de “rememorar a trajetória de luta de Zumbi para continuarmos condenando qualquer tipo de discriminação.” “Não há democracia sem a superação dessas discriminações de caráter racial”, concluiu.