A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), vice-líder da Minoria

A operação policial realizada nesta quinta-feira (6) no Jacarezinho, Zona Norte do Rio, repercutiu no plenário da Câmara. A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), vice-líder da Minoria, usou a palavra para repudiar a violência da intervenção das forças policiais, que foi a mais letal da história do estado com 25 mortos.

Jandira cobrou explicações sobre a chacina. “Quero aqui, neste plenário, cobrar de público explicações do governador Cláudio Castro, do Secretário de Polícia Civil, dr. Allan [Turnowski], explicações e responsabilidades sobre o que ocorreu na comunidade do Jacarezinho”, discursou.

Ela relatou que as informações que chegavam da comunidade apontam que a favela foi invadida “sem nenhum respeito aos direitos humanos”. “Entraram sem nenhuma operação de inteligência, sem nenhum respeito, com casas invadidas, pessoas sendo executadas na chamada execução sumária. Também um policial civil morreu em uma operação absurda, absurda!”, protestou.

A parlamentar argumentou que a incursão carece de legalidade, lembrando que as operações policiais nas favelas durante a pandemia foram proibidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

“Obviamente que a apuração de crime deve dar-se com inteligência. As mortes, mais uma vez, nas comunidades do Rio de Janeiro, onde se concentram, na sua grande maioria, mulheres e homens trabalhadores, adolescentes, crianças, acontecem dessa forma, em verdadeiras chacinas. Não dá mais para o Rio aguentar esse tipo de mortandade feito em operações policiais”, afirmou.

Segundo Jandira Feghali, o governador Cláudio Castro (PSL) “é o principal responsável pelo que ocorreu”. “Nós queremos explicações, responsabilização. Queremos que tudo seja esclarecido e as responsabilidades sejam absolutamente apuradas”, cobrou, ao prestar solidariedade às famílias da comunidade.

Chacina

A Polícia Civil afirmou que a Operação Exceptis visava combater grupos armados de traficantes de drogas que estariam aliciando crianças para o crime.

Os dados divulgados pela polícia até o início da tarde, indicam que 25 pessoas teriam sido mortas, entre elas 24 suspeitos e um policial civil. Durante o intenso tiroteio, dois passageiros que estavam dentro do Metrô ficaram feridos. Segundo o MetrôRio, um foi baleado de raspão e o outro foi atingido por estilhaços de vidro.

Pelas redes sociais, moradores do Jacarezinho relataram mais mortes que as computadas, além de corpos no chão, invasão de casas e celulares confiscados.

Um morador do Jacarezinho afirmou que, durante a perseguição de criminosos e policiais, duas pessoas foram mortas na casa onde ele vive com a avó. Imagens do imóvel mostram o local sujo com o sangue das vítimas. Ele disse que presenciou a morte junto com a idosa.

Por volta do meio dia, um grupo de moradores fez um protesto em um dos acessos à comunidade e tentou fechar o trânsito em uma rua da região.

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(BL)