O presidente da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Paulo Rebello, informou que será concluído no dia 14 de novembro o diagnóstico da diretora técnica Daniela Ota sobre a operadora de saúde Prevent Senior, acusada de exigir que profissionais receitassem medicamentos ineficazes para o tratamento de Covid-19 sem o conhecimento dos pacientes.

No dia 14 de outubro, a diretora técnica foi nomeada para acompanhar o caso. Já foi solicitado à Prevent Senior indicadores de acesso, de qualidade, de linhas de cuidado e de segurança e a operadora tem até esta quarta-feira (10) para apresentar os dados.

Rebello explicou nesta quarta-feira à Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados as medidas que podem ser indicadas pela diretora técnica.

“Ela pode levantar alguns ajustes, correções e adequações que devem ser feitos, e a operadora pode sim apresentar programa de saneamento assistencial. Caso ela sane esses problemas ou possíveis problemas apresentados, aí a gente encerra ou adota outras medidas, além das apresentadas pela direção técnica”, disse.

Segundo ele, o prazo de acompanhamento pela diretora técnica da ANS é de um ano, podendo ser prorrogado.

Acusações contra Prevent Senior

A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) pediu que o relatório conclusivo seja enviado aos parlamentares. Ela observou que Prevent Senior tem 550 mil beneficiários, faturamento de R$ 4,3 bilhões por ano, e teve alta de 9% na carteira de clientes e 18% nas receitas líquidas em 2020, em comparação a 2019.

Jandira Feghali disse que o descompromisso da Prevent Senior com os segurados foi atestado pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado Federal, que investigou irregularidades associadas à gestão da pandemia de Covid-19.

A deputada resumiu as conclusões da CPI: “Subnotificação de óbito de pacientes, sem conhecimento de experiência com a cloroquina; mortes registradas com outras causas, ocultando a verdadeira causa; reclassificação sistemática de prontuários, apagando a referência à Covid”.

Mas a deputada disse que, antes mesmo do relatório da CPI ter sido apresentado, já havia recebido denúncia, em março, sobre a indicação a pacientes por atendentes do plano do chamado “kit covid”, com medicamentos sem comprovação científica, como a hidroxicloroquina. Ela questionou se os diretores da ANS também conheciam previamente as denúncias.

Denúncias apuradas

Paulo Rebello informou que de março de 2020 a setembro de 2021, a ANS recebeu 284 mil reclamações – 14 mil relacionadas à Covid e 38 reclamações específicas sobre o “kit covid”. Segundo ele, 93% das reclamações foram solucionadas.

Ele negou omissão por parte da agência e disse que todas as denúncias recebidas foram apuradas, inclusive a apresentada pela deputada Jandira Feghali.

Segundo ele, no dia 14 de abril foi enviado ofício para a Prevent Senior sobre a denúncia, questionando a pressão para que receitasse os medicamentos, ferindo a autonomia médica, e o consentimento do usuário para uso do ”kit covid”.

“As perguntas foram formuladas à operadora. Eles nos responderam com 258 termos de consentimento por parte dos beneficiários. E nós entendemos naquele momento, da análise que nós fizemos, que compete ao médico que receitou e o consentimento do paciente. Então estaria fora da competência da agência em atuar naquele caso específico”, afirmou.

Ele ressaltou que o próprio Conselho Federal de Medicina considera o uso de cloroquina para tratamento de Covid-19 e que existe orientação do Ministério da Saúde nesse sentido, que ainda não foi revogada. Conforme ele, de 59 médicos que prestavam serviço a Prevent Senior consultados pela ANS, 14 médicos responderam, e apenas um disse que de fato houve pressão – médico que fez denúncia ao programa Fantástico, da TV Globo. Essa denúncia está sendo apurada, de acordo com Rebello.

 

 

(PL)