Com aval de Bolsonaro, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou que vai decretar a redução do status da pandemia de Covid-19 para endemia. Diante dessa movimentação, o presidente negacionista anunciou em entrevista à TV Ponta Negra, afiliada do SBT no Rio Grande do Norte, que o ministro vai decretar o “fim da pandemia” por meio de uma portaria no início do mês que vem.

“Ao dizer que quer rebaixar a situação no Brasil de pandemia para endemia, o ministro da Saúde, mais uma vez, mostra sua incompetência. O que realmente precisamos agora é que a vacina contra a covid-19 seja inserida no Calendário Nacional de Vacinação de forma permanente”, reagiu Jandira Feghali (PCdoB-RJ), médica, deputada federal e vice-presidenta nacional do PCdoB.

De acordo com ela, o Brasil está reduzindo o número de casos e mortes graças à vacina, mas ainda está em vigor o decreto de Emergência em Saúde Pública. “Então, a partir da análise de epidemiologistas competentes, teremos os resultados de estudos para essa possível transição”, disse.

Portanto, segundo a parlamentar, o ministro da Saúde declara a sua incompetência. “Eu vou dizer assim, porque é assim que eu o vejo. Nós estamos ainda com 52 mil casos novos e com 336 mortes, em média. Isso quer dizer que nós reduzimos o número de casos e reduzimos o número de mortes. Isso é fruto da vacinação que o Brasil conseguiu alcançar, porque a população brasileira acredita na vacina, apesar da negação do presidente da República e da tentativa de que os pais não levassem seus filhos à vacinação e de que as pessoas não acreditassem na vacina como ciência”, argumentou.

Decreto emergencial  

Jandira Feghali diz que há possibilidade de o país vencer a covid, mas precisa levar em conta o decreto de emergência em saúde pública em vigor. “Nós fizemos esse decreto em cima de vários critérios. Parte desses critérios está sendo vencida, mas nós ainda não retiramos a vigência desse decreto. Ele está em vigência no Brasil desde fevereiro de 2020. Nós temos uma epidemia de covid no Brasil. Ainda é uma epidemia nacional, com expressões diferenciadas em cada região”, lembrou.

Com base na avaliação de epidemiologistas, a deputada defendeu uma análise de transição. “É preciso que a vigilância consiga integrar covid e Influenza. É preciso analisar medidas de transição entre ministério, estados e municípios. É preciso colocar a vacina contra a covid no Calendário Nacional de Vacinação de forma perene, de forma permanente, a fim de que ela seja integrada ao nosso calendário. Nesse acompanhamento integrado de vigilância entre covid e Influenza, é necessário que analisemos como vamos encarar esse processo epidêmico no Brasil, para que, mais à frente, possamos sustar o decreto de emergência em saúde pública”, propôs.

No seu entendimento, essa deve ser a conduta do Ministério da Saúde para que se tenha um procedimento correto. “Nós não estamos em endemia. Nós estamos ainda em uma epidemia no Brasil, ela é nacional, com expressões e controles diferenciados em todo o país. Portanto, não cabe um decreto de endemia, não cabe essa nomenclatura ainda para o Brasil. Precisamos da vacina contra a covid integrada ao Calendário Nacional de Vacinação”, concluiu.

 

Por Iram Alfaia

 

(PL)