Jair Bolsonaro admitiu que a sua ex-assessora-fantasma, Walderice Santos da Conceição, a “Wal do Açaí”, nunca esteve em Brasília e tomou posse “por procuração”.

Walderice estava lotada no gabinete de Jair Bolsonaro por 15 anos, entre 2003 e 2018, mas nunca cumpriu a carga horária de 40 horas semanais exigida pela Câmara dos Deputados.

“Não precisa interrogar a Wal não, e nem a mim. Eu estou confessando: ela nunca esteve em Brasília. É verdade. Ela tomou posse por procuração”, disse Jair Bolsonaro na sexta-feira (25).

Bolsonaro chegou a atestar falsamente a frequência de Wal como secretária no gabinete em Brasília.

Recebendo dinheiro da Câmara dos Deputados para não ter nenhuma função no gabinete de Bolsonaro, Walderice e seu marido realizavam tarefas domésticas na casa de veraneio de Jair Bolsonaro.

Depois do Ministério Público Federal (MPF) ter pedido sua condenação por improbidade administrativa e desvio de dinheiro, Jair Bolsonaro mudou sua versão da história e tentou dizer que é normal que assessores de deputados nunca tenham ido para Brasília, mesmo que o cargo exija.

“Ela nunca esteve mesmo [em Brasília], pelo que tenho conhecimento, ela nunca esteve em Brasília, a Wal. Ela mora num distrito de Angra dos Reis. Tem deputados aqui, não vou perguntar. Eu duvido qual deputado fora do DF que não tenha [funcionários fora de Brasília]”, disse, querendo envolver os outros na sua baixeza.

“Esse pessoal que está no estado não vem a Brasília, toma posse por procuração. Eu fiz isso a vida toda. E a Wal ganhava o equivalente a R$ 1,5 mil por mês, já somado o auxílio alimentação”.

Jair Bolsonaro não comentou sobre o fato de que sua ex-assessora sacava 84% de seu salário, prática típica de quem participa de um esquema de “rachadinha”. O mesmo acontecia com os assessores de Flávio Bolsonaro, seu filho.

O Ministério Público, ao pedir sua condenação, disse que a prática de manter uma assessora fantasma é uma conduta “imoral e manifestamente ilícita, foi reiteradamente praticada por mais de 15 anos, somente tendo cessado em razão da repercussão negativa, após divulgação pela imprensa, durante a última campanha eleitoral”.