Un momento del flash mob. ANSA/ANGELO CARCONI

A Itália comemorou neste sábado (25) os 75 anos da derrota do fascismo. Por conta da pandemia do coronavírus não foi possível realizar as tradicionais manifestações de rua, mas em todas as cidades milhões de italianos nas suas casas, das janelas enfeitadas de bandeiras nacionais, cantaram “Bella Ciao”, a canção dos partisans [membros da resistência], símbolo da luta contra o regime de Benito Mussolini.

No país, o 25 de abril de 1945 é lembrado como Dia da Libertação. Nessa data aconteceu a rendição dos últimos focos fascistas: eram as horas finais da Segunda Guerra Mundial. Três dias depois, o líder do partido fascista, Benito Mussolini, foi capturado junto a sua mulher, Clara Petacci, e ambos foram executados. Poucas horas depois, em seu bunker em Berlim, Adolf Hitler se suicidou.

“Bella Ciao” já era cantada nas janelas da Itália na luta contra a pandemia. Inclusive no Brasil e em muitos países do mundo a música que representa a resistência contra o que há de pior na Humanidade é lembrada e entoada hoje contra o coronavírus. Na Itália, país com uma rica tradição musical que impera em seu povo, as canções improvisadas entre os vizinhos são costume. Agora a canção antifascista cobrou uma dupla significação: como lembrança do ocorrido há 75 anos, e como forma de resistência, hoje contra o Covid-19.

O principal ato oficial foi encabeçado pelo presidente da República, Sergio Mattarella, que subiu sozinho ao Altar da Pátria em Roma e rendeu tributo ao Soldado Desconhecido. Assinalou que naquele dia “nasceu uma nova Itália unida em torno a valores morais e civis universais, que tem sabido construir seu próprio futuro”.

A Itália é um dos países mais castigados pela pandemia, com 26 mil 384 mortos registrados neste domingo. Foi o mais atingido, até ser superado pelos Estados Unidos. Nas últimas 24 horas, teve 415 pessoas falecidas: o menor número em um mês.

“Agora e sempre, resistência”, afirmou o presidente da Euro-câmara, David Sassoli do bloco Partido Democrático/Socialistas e Democratas (PD/S&D), em seu discurso de homenagem ao aniversário da vitória contra o fascismo.

“Em 25 de abril de 1945, o Comitê de Libertação Nacional da Itália proclamou a insurreição em todos os territórios ocupados pelos nazi-fascistas. ‘Render-se ou morrer! ‘ era a senha que os comandos guerrilheiros (partisans, como ficaram conhecidos) usavam contra o inimigo”, lembrou Sassoli: “Este dia marca a queda do fascismo e a expulsão dos nazistas da Itália. A história da República começa ali, o Referendum sancionou o fim da monarquia e pouco depois nasceu nossa Constituição, fundada nos valores da liberdade e do antifascismo”.

“Nunca devemos esquecer aqueles homens e mulheres que tomaram a decisão de lutar e rebelar-se contra a guerra, muitos simplesmente desobedecendo à ditadura. Muitos deles caíram gritando ‘Viva a liberdade’. Não esqueçamos seu sacrifício. Graças a eles somos livres hoje”, concluiu.

Sassoli ressaltou os valores do antifascismo em uma crise como a atual: “Inclusive em um momento como o que estamos vivendo, porque no antifascismo existe a semente da tolerância, a solidariedade, o progresso para todos e não para uns poucos. O faremos de novo, venceremos a pandemia lembrando o sacrifício de muitos. Hoje como ontem, agora e sempre: Resistência!”.