General Golan em pronunciamento a convite do Instituto de Estudos do Holocausto - foto Assaf Shilo- Israel Sun

“Temos que tomar cuidado, que ser muito cuidadosos porque entre nós há figuras radicais com visão messiânica que usam a democracia israelense. Lembro a todos que os nazistas chegaram ao poder por via democrática”, declarou o general Yair Golan, em entrevista à emissora israelense Radio Darom, na quinta-feira.

Golan, que chegou ao posto de comandante adjunto do Estado Maior israelense, acaba de tomar posse como deputado ao parlamento israelense, o Knesset, eleito pela coalizão Campo Democrático que faz oposição a Netanyahu e apoia o opositor Benny Gantz para o cargo de primeiro-ministro.

“As tendências nazistas em Israel lembram aquelas da Alemanha de 1930 e que até hoje nos causam náuseas”, afirmou Golan.

“Se há algo que é amedrontador é lembrar o Holocausto (como é denominado pelos judeus o genocídio que sofreram durante a Segunda Guerra Mundial) e perceber processos como os da Alemanha 70, 80, 90 anos atrás, aqui, entre nós, nos dias de hoje”, alerta Golan.

O general já havia feito estas denúncias em uma palestra realizada em 2016.

Os direitistas israelenses ficaram irados pelo fato do general ter exposto claramente sua prática e ideologia racistas e discriminadoras.

Uma das primeiras a se manifestar foi a deputada Ayelet Shaked que questionou: “Prezado Yair, talvez não baste?”. Shaked lidera o bloco Yemina (Rumo à direita) e se notabilizou por um vídeo de campanha no qual se aspergia um perfume de um vidro com o rótulo “Fascismo”.

Para Shaked, que se compara aos fascistas, compará-la com os nazistas não passa de “uma obsessão patética do general que só traz incômodo”.

Seu colega de bancada, Bezalel Smotrich, bateu na mesma tecla da obsessão e, se defendeu dizendo ser neto de sobreviventes do genocídio.

Como os direitistas se referem então a declarações da própria Shaked de que seria legítimo matar mulheres palestinas grávidas para que elas “não gerem futuros terroristas”, ou de Avigdor Lieberman de que o problema da Faixa de Gaza se resolveria fazendo “o que os americanos fizeram com Hiroshima” e, ainda, com a declaração de que ‘os árabes querem nos aniquilar’ feita pelo próprio premiê, Netanyahu, no dia das eleições recentes?” Ou do próprio colega de Shaked, Bezalel Smotrich que acaba de declarar que os “árabes assassinos estão aqui só por enquanto?.

A isso poderíamos agregar as denúncias da ocupação rechaçada por todo o mundo e que já ultrapassa meio século, a destruição de casas palestinas, as prisões em massa, inclusive de menores, as torturas institucionalizadas, o cerco a poços de água – como está acontecendo agora e afetando 19 comunidades palestinas no Vale do Jordão; o assalto sistemático a terras palestinas com a promessa de anexação de 1/3 da Cisjordânia, por Netanyahu caso continue como premiê e o muro que Jimmy Carter denominou de “Muro do Apartheid, além da Lei Estado-Nação, aprovada durante a gestão Netanyahu que tira dos árabes-palestinos-israelenses o direito à auto-definição nacional.