Biden bombardeou na mesma região já agredida durante o governo Trump

O governo iraquiano afirmou que os ataques realizados pelos Estados Unidos sob pretexto de ataque “a milícias pró-Irã” em seu território e na Síria, na madrugada desta segunda-feira (28), representam uma “violação flagrante e inaceitável da soberania iraquiana” e pediu para o Pentágono “evitar a escalada” militar na região.

“Reiteramos nossa rejeição a ver o Iraque transformado em um território de ajuste de contas e defendemos nosso direito a impedir que o país vire um terreno de agressões e de represálias”, sublinhou o primeiro-ministro Mustafah al-Kazimi.

Irã

Durante coletiva de imprensa, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Saeed Khatibzadeh, ressaltou que a agressão é parte da arrogância estadunidense e seu objetivo é inflamar a tensão. Khatibzadeh advertiu que o governo Biden está no caminho errado e deveria mudar o seu comportamento, “em vez de criar uma crise e trazer problemas e desestabilização para os povos da região”.

Denúncia à ONU

Na avaliação do vice-presidente do Comitê de Assuntos de Defesa da Rússia, Yuri Shvetkin, os ataques aéreos são “um ato de agressão descarada dos EUA e uma violação dos princípios da unidade e independência da Síria e do Iraque”. “Isso só expressa uma interferência ultrajante nos assuntos internos dos dois países, além de ser um ato brutal sem qualquer legitimidade”, destacou.

O presidente da Comissão de Relações Exteriores do Conselho de Estado da Rússia, Leonid Slutsky, descreveu a ação de Washington como um comportamento bárbaro e irracional, que se utiliza do pretexto dos EUA de criar “corredores humanitários”. Enquanto diz apontar para a pacificação com uma mão, frisou, o Pentágono “bombardeia com a outra”.

Síria repudia

O governo da Síria também condenou de forma enfática, “nos termos mais fortes, o covarde ataque dos EUA a área em Deir al-zor, próxima à fronteira sírio-iraquiana”. Por meio de um comunicado, os sírios disseram que o governo Biden “deveria manter a legitimidade internacional e não a lei da selva, como fez a administração anterior.” A Síria denuncia que uma criança foi morta no ataque norte-americano.

De acordo com o Pentágono, os ataques que teriam matado cerca de dez combatentes e ocorreram por ordem direta do presidente Joe Biden. O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, alegou que a interferência norte-americana representa uma “ação em legítima defesa para fazer o que é necessário para prevenir novos ataques” e “é uma mensagem muito importante e forte”.

Os bombardeios ocorreram paralelamente aos esforços da comunidade internacional para que o governo dos EUA retorne ao acordo nuclear com o Irã, que suspenderiam sanções que agridem o povo iraniano e aliviaria as sanções em troca do compromisso de Teerã não desenvolver armas nucleares.

O histórico de crimes de guerra cometidos pelos EUA no Iraque vem de longe, reforçados com a manipulação da informação, denuncia Elizabeth Murray, que trabalhou como analista da Agência Central de Inteligência durante 27 anos. “Em 2006 – três anos após o início da guerra contra o Iraque – a gestão de George W. Bush (filho) oficialmente admitiu que não havia evidência de qualquer envolvimento iraquiano com os ataques de 11 de Setembro. Apesar disso, os EUA continuaram a devastar aquele país”, recordou.

“Sabe o que verdadeiramente seria desescalada? Sair do Iraque”, afirmou Stephen Miles, director executive do grupo de advogados denominado “Win Without War” (Vencer Sem Guerra).

A deputada democrata por Minnesota, Ilhan Omar , denuciou “este contante ciclo de violência é política fracassada e não vai fazer nenhum de nós mais seguro”.

A deputada destacou que Biden deveria levar em conta o Congresso que “é que tem autoridade no que tange a poder de declaração de guerra e, portanto, deveria ser ouvido antes de qualquer ataque”.

A presidente da Câmara dos Representantes (deputados norte-americanos), deputada Nancy Pelosi acatou a justificativa de Biden mas pediu que o “governo envie informes adicionais e uma notificação formal sobre a operação de acordo com o que prescreve a Lei de Poderes de Guerra”.

Biden usou a mesma justificativa já utilizada por Trump para perpetrar ataques em outros países sem pedir autorização ao Congresso: “Proteção a pessoal dos Estados Unidos no Iraque”.