General Qassem Soleimani, principal líder militar iraniano

Em uma carta à Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o Irã recordou o assassinato do comandante da Guarda Revolucionária, Qassem Soleimani, ocorrido no dia 3 de janeiro de 2020, e defendeu que sejam utilizadas “todas as iniciativas legais em seu poder” para condenar o governo dos Estados Unidos.

Soleimani estava na capital iraquiana, Bagdá, em uma missão diplomática quando seu comboio foi destruído por mísseis disparados de um drone americano na mesma ação que tirou a vida do líder das Forças de Mobilização Popular do Iraque e Abu-Mahdi al-Muhandis.

Conforme o departamento jurídico do gabinete presidencial do Irã, sucessivos governos estadunidenses têm praticado um “unilateralismo excessivo”, sem uma contestação mais efetiva, o que acaba lhes estimulando a permanecer violando intermitentemente leis e acordos internacionais. Diante disso, o texto defende que a comunidade internacional esteja consciente e mobilizada frente à Washington, para que a impunidade deixe de existir e crimes como estes parem de se repetir.

O relator das Nações Unidas para execuções extrajudiciais em julho de 2020 concluiu que o assassinato de Suleimani violou a Carta da ONU, foi “ilegal” e “arbitrário”.

Por outro lado, em uma carta enviada à Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, o secretário-geral do Escritório de Direitos Humanos do Judiciário Iraniano, Kazem Qaribabadi, denunciou o silêncio e a inação de organismos mundiais em relação ao assassinato das forças iranianas durante a luta contra terroristas, contrabandistas armados e criminosos.

“O assassinato de Soleimani foi na verdade um ato de guerra unilateral que viola o direito internacional, um passo lógico numa estratégia americana consagrada. Foi explicitamente autorizado pelo Senado na lei de financiamento do Pentágono aprovada no ano anterior”, recordou Michael Hudson, professor de economia na Universidade do Missouri do Kansas e pesquisador do Levy Economics Institute do Bard College.

Conforme alertou Michael Hudson, o que a mídia dos EUA “tentou cuidadosamente evitar era o que estava por trás da aparente loucura americana em assassinar o general da Guarda Revolucionária Islâmica”. O que estava em jogo, sublinhou, era “intensificar a presença dos Estados Unidos no Iraque a fim de manter o controle das reservas de petróleo da região e apoiar as tropas Wahabi da Arábia Saudita (Isis, Al Quaeda no Iraque, Al Nusra e outras divisões que na verdade são a legião estrangeira da América) para apoiar o controle dos EUA sobre o petróleo do Oriente Próximo como um sustentáculo do dólar”.