Irã: Israel é suspeito de assassinar chefe do seu programa nuclear
O governo do Irã indica Israel como suspeito pelo assassinato de Mohsen Fakhrizadeh, o cientista responsável pelo projeto nuclear do país, morto na sexta-feira (27) na cidade de Absard, no condado de Damavand, a leste de Teerã.
Testemunhas afirmam que Mohsen, de 62 anos, se deslocava em seu automóvel quando teve seu carro atingido por um carro-bomba, seguido por uma rajada de metralhadoras. Durante a troca de tiros a equipe de seguranças que protegia o cientista também resultou ferida, sendo todos imediatamente enviados a um hospital. Mohsen não resistiu.
Segundo o jornal “New York Times”, o cientista era um dos maiores alvos da Mossad, o serviço secreto israelense.
Em palestra transmitida pela AFPTV (da rede France Press) em 2018, Netanyahu deblatera contra o programa nuclear iraniano à frente de um painel com uma foto em destaque do cientista agora morto.
O ministro das Relações Exteriores do Irã, Javad Zarif, declarou que o assassinato foi “uma covardia”. “Os terroristas assassinaram hoje um eminente cientista iraniano. Esta covardia tem sérias indicações do papel israelense. O Irã apela à comunidade internacional – e especialmente à União Europeia – para acabar com seus vergonhosos padrões duplos e condenar este ato de terror de Estado”, escreveu Zarif.
O governo iraniano disse que Mohsen, que ostentava o cargo de chefe da Organização de Investigação e Inovação do Ministério de Defesa, passa a ser agora um “mártir”.
Questionado sobre o assassinato, o porta-voz do gabinete do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu disse que nada comentaria.
Netanyahu ataca o programa nuclear iraniano – em fala de 2018 – com a foto do cientista agora assassinado ao fundo (AFP)
Um funcionário estadunidense disse à CNN que o governo está monitorando “de perto” o que aconteceu, e que do ponto de vista estritamente militar não há qualquer justificativa para uma agressão ao Irã. “A última coisa que precisamos” neste momento é um conflito com Irã, acrescentou.
Em matéria publicada nesta sexta-feira (27), no jornal israelense Haaretz, o jornalista Yossi Mellman destaca que as mensagens de Netanyahu e Trump depois da morte do cientista, são “beligerantes e se dão tendo a perda da eleição presidencial por Trump neste mês como pano de fundo e como tentativas deliberadas de exacerbar uma situação já tensa em meio a informes de que Trump tem considerado um bombardeio ao Irã como gesto de partida antes de deixar a Casa Branca.
Foi por obra do governo Trump que o acordo nuclear incluindo Europa e Estados Unidos foi rompido e, além disso, sanções pesadas foram adotadas visando danificar a economia e o desenvolvimento tecnológico iraniano.