Eslami, vice-presidente e chefe da Organização de Energia Atômica do Irã com o diretor da AIEA

As conversas neste domingo (12) com o chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi, foram consideradas pelo vice-presidente iraniano, Mohammad Eslami, como “negociações boas e construtivas”.

Na prática, o novo patamar alcançado com diálogo na mesa em Teerã, foi exposto por Eslami, que dirige a Organização de Energia Atômica do Irã (OEAI), foi visto como um passo que possibilita a volta do acordo de Viena (2015). O processo de pacificação foi colocado sob xeque – de forma irresponsável em 2018 pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump – que se retirou unilateralmente das negociações e impunha drásticas sanções ao país persa. Frente à agressão estadunidense que exigia o seu completo monitoramento e que abrisse mão de qualquer soberania, o Irã respondeu se descomprometendo da maioria de seus compromissos.

A partir das negociações com Grossi, a situação começa a mudar. “Os inspetores da AIEA estão autorizados a consertar o equipamento identificado e substituir seus meios de armazenamento, que serão mantidos sob os selos conjuntos da A5IEA e da OEAI na República Islâmica do Irã”, informaram os órgãos nucleares em um comunicado conjunto.

Em sua segunda visita ao Irã este ano, Grossi garantiu com este novo compromisso a continuidade da vigilância e controle do programa nuclear iraniano, e também ofereceu um prazo maior às grandes potências para reduzir o impasse entre Teerã e o Ocidente.

Um acordo que garantiu algum grau de supervisão foi negociado, mas expirou em junho, e a AIEA estava preocupada em perder dados se a capacidade de registro dessas ferramentas fosse saturada. Com o novo acordo, o Irã se comprometeu a fornecer os dados das câmeras em fevereiro caso o processo continue sendo bem-sucedidas.

“Nos parabenizamos pelos resultados da visita de Grossi a Teerã. Pedimos que as negociações em Viena sejam retomadas o mais rápido possível”, declarou o embaixador russo na capital austríaca, Mikhail Ulyanov.

Grossi anunciou que retornará a Teerã “em um futuro próximo para consultas de alto nível”, segundo comunicou a agência, que insiste na “cooperação e confiança mútuas das duas partes”.

A visita ocorre antes de uma reunião, a ser realizada a partir de segunda-feira (13), do Conselho de Governadores da Agência, da qual o Irã “decidiu participar” para “continuar nossas conversas”, anunciou Eslami.

O acordo faz parte de uma possibilidade de entendimento para o retorno às negociações em torno do tratado nuclear – interrompido unilateralmente por Trump – onde se oferece a Teerã um alívio das sanções norte-americanas em troca do compromisso de não se munir de armas atômicas, sob controle das Nações Unidas.