Ipea eleva estimativa de inflação para 3,7%, puxada por alimentos
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) elevou a estimativa de inflação para 3,7% diante de significativa alta do valor de alimentos, energia elétrica e combustíveis. O Instituto divulgou a informação nesta terça-feira (23). A última estimativa divulgada em dezembro era de 3,5%.
“Os dados mais recentes mostram que a inflação corrente segue pressionada, mesmo em um contexto de desaquecimento da demanda interna”, diz o comunicado do órgão. E completa: “o elevado nível atual da inflação, combinado com o aumento do grau de incerteza da economia brasileira devido às incertezas relacionadas à política fiscal, vem gerando revisões para cima das estimativas de IPCA para 2021”, diz o comunicado.
Nos últimos doze meses, apontou o estudo, 11 dos 16 subgrupos que compõem o conjunto dos alimentos no domicílio registraram variação superior a 10%. Entre os destaques estão: cereais (60,2%), Óleos e gorduras (59,5%), Tubérculos, raízes e legumes (47,6%), Carnes (22,8%), Hortaliças e verduras (21,9%) e leite e derivados (17,3%).
Os pesquisadores do Ipea também elevaram a estimativa de inflação dos preços administrados, de 4,0% para 4,5%. Entre os fatores apontados estão a aceleração nos preços da energia elétrica e dos combustíveis – produto que também pressionará para o alto as tarifas do transporte público.
Em tempos da pandemia da Covid-19, que desde o ano passado já tirou a vida de mais de 250 mil brasileiros, Bolsonaro defende que meia dúzia de grupos estrangeiros possam tirar os alimentos do prato do povo. É a “lei da oferta e da procura”. “Nossa política é de livre mercado”, mantras que são sempre repetidos por Bolsonaro e seu ministro da economia, Paulo Guedes, quando são questionados sobre a disparada dos preços.
“Além da perspectiva de que os preços internacionais das commodities devem se estabilizar em patamar mais alto, o cenário para a taxa de câmbio média também piorou devido ao desempenho observado nas últimas semanas”, informa o comunicado.
A carta da Conjuntura do Ipea é assinada por Maria Andréia Parente Lameiras, Marcelo Lima de Moraes e Carolina Ripoli.