O aumento dos preços dos alimentos que compõe a cesta básica começa a ser investigado como prática abusiva em meio à crise do coronavírus. Ainda assim, a falta de uma regulação nacional que proteja os consumidores durante a quarentena, em especial os desempregados e trabalhadores sem renda, autoriza aumento de preços que, para alguns itens, chega a 70%.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de março foi divulgado na quinta-feira (09) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontando que o grupo que compõe Alimentos e Bebidas sofreu alta de 1,13% no mês passado – embora o resultado geral do índice que mede a inflação oficial do país tenha sido de variação de 0,07%, a menor desde 1994.
O IPCA identificou que as pessoas estão pagando mais caro nos supermercados por produtos como ovo de galinha (+4,67%), a batata-inglesa (+8,16%), o tomate (+15,74%), a cebola (+20,31%) e a cenoura (+20,39%).
Uma pesquisa anterior da Fundação Getúlio Vargas (FGV) registrou que a maior parte dos itens da cesta básica sofreu reajuste médio de 1,64% apenas na última semana de março, mostrando que fornecedores e supermercadistas estão praticando as leis do “livre mercado”, enquanto a situação do país e do mundo requer uma regulagem excepcional para garantir que a população se alimente.
“Como o orçamento das famílias foi afetado pela paralisação do comércio e dos serviços, muitas delas não dispõe de renda para arcar com os custos da alimentação fora de casa. Nos supermercados a alta foi generalizada”, disse o economista André Braz.
De acordo com a Associação Paulista de Supermercados (APAS), os produtos que mais apresentaram elevação nos preços desde o início das medidas de distanciamento social foram itens básicos, cujo reajuste chega a 70%. Foram observadas altas de até 75,5% para o feijão, 73,5% para o arroz e 40% para o leite.
Os supermercadistas estão transferindo a responsabilidade pelo aumento dos preços aos produtores e afirmam que estão unindo esforços para denunciar as práticas abusivas que não estejam relacionadas à safra ou desabastecimento.O Procon de São Paulo notificou produtores e grandes distribuidores para comparar a diferença dos preços dos alimentos que chegam à população.