O Capitão-Tenente e dentista, Rhamir Saulo, durante atendimento no Navio Auxiliar Pará.

Mesmo com o agravamento da pandemia e da crise econômica no início deste ano, o governo federal gastou 62% menos com investimentos do que no mesmo período do ano passado. A informação é de uma pesquisa realizada pelo Núcleo de Finanças e Políticas Públicas da Faculdade de Campinas (Facamp), antecipada ao Valor Econômico.

De acordo com o estudo, nos quatro primeiros meses do ano apenas R$ 880 milhões dos R$ 38 bilhões em recursos reservados no orçamento federal para investimentos foram efetivamente executados. Isso inclui investimentos em infraestrutura na área da saúde, por exemplo, a despeito da necessidade de recursos da área para o enfrentamento da pandemia.

“Em termos de política fiscal, o governo de certa forma voltou à estratégia do pré-pandemia, 2020 é que foi uma exceção. Isso é preocupante justamente porque a pandemia não passou e, muito pelo contrário, a gente enfrentou os piores meses da crise sanitária no primeiro quadrimestre deste ano”, afirmou o economista Saulo Abouchedid, um dos autores do estudo.

Os pesquisadores destacam que áreas cruciais para o enfrentamento à pandemia – como saúde, assistência social e ciência e tecnologia – foram abandonadas pelo governo federal, com a execução de recursos reduzida. Para a Saúde, a queda nas despesas da União foi de 3% em relação ao primeiro quadrimestre de 2020. Já em Estados e municípios, houve alta de 5% e 19%, respectivamente.

“O aumento das despesas com a pandemia por Estados e municípios não foi acompanhado por maior auxílio por parte do governo federal”, diz a análise.

As ações emergenciais da União no enfrentamento da pandemia somaram R$ 20,5 bilhões de janeiro a abril, apenas 13% do valor gasto no último quadrimestre de 2020, de R$ 157,1 bilhões.

Além de não atender as necessidades do enfrentamento à pandemia, o economista diz que o corte nos investimentos terá consequências para o crescimento da economia no médio e longo e prazo.

“Nesse momento difícil, o governo adotar uma política pró-cíclica, e não anticíclica, é algo que preocupa para o médio e o longo prazo”, acrescenta.

O estudo dos economistas da Facamp aponta que o governo federal teve um crescimento na arrecadação da ordem de 15% nos primeiros quatro meses de 2021, em relação ao mesmo período de  2020. Entre os Estados, houve aumento de 12% na arrecadação, enquanto nos municípios houve queda de 3%.

O balanço disso é que, com mais arrecadação e menos gastos, o governo central registrou superávit primário de R$ 41 bilhões nos primeiros quatro meses do ano.