A greve nacional dos professores chilenos entrou, na segunda (24), em sua quarta semana. A decisão de manter a paralisação nas instituições de ensino se dá depois da ministra de Educação, Marcela Cubillos, negar-se a considerar as reivindicações dos docentes.

A ministra rejeitou qualquer possibilidade de se reunir na mesa de negociações com o Colégio de Professores, e os instou a voltar às aulas sem nenhuma conversa.

O presidente do Sindicato, Mario Aguilar, qualificou a postura assumida pela ministra como “intransigente e dura”, e considerou solicitar a intervenção direta do presidente Sebastián Piñera para destravar o conflito que mantêm mais de 600 mil estudantes sem aulas desde 3 de junho.

A mobilização reivindica a melhoria das condições de trabalho no setor e no sistema de Educação Pública do país.  Os professores denunciam a falta de investimentos na área. Acrescentam que a precarização do ensino público abre caminho para a privatização da educação no país.

Os manifestantes pedem também a revogação das medidas anunciadas em maio pelo governo, entre elas a alteração nas disciplinas de História, Educação Física e Artes na grade curricular do ensino médio, que deixam de ser obrigatórias para o segundo e terceiro anos do ciclo, a partir de 2020.

Mario Aguilar destaca que o governo tais medidas têm por objetivo minar o pensamento crítico e o caráter de formação integral da educação pública.

“É uma medida absurda rechaçada por toda a sociedade chilena. O governo não tem interesse em formar cidadãos, apenas produtores e consumidores, de acordo com uma visão empresarial. A disciplina de História é importante para o desenvolvimento do pensamento crítico. Mas eles não querem cidadãos críticos. Querem uma educação instrumental, técnica, vinculada a interesses atrelados ao mercado de trabalho”, criticou o professor durante entrevista ao jornal argentino, Página 12.

Cerca de 70% da categoria aderiu à greve nacional. Os organizadores da greve afirmam que manterão a paralisação até que o governo decida negociar.

Na quinta-feira, 20, dezenas de milhares de professores se concentraram nas imediações do Palácio de La Moneda (sede do governo) para reiterar ao Executivo e às autoridades do ministério de Educação sua lista de 11 pontos reivindicativos.

Para a quarta-feira, 26, está convocada uma grande manifestação em Santiago do Chile (capital), para a qual os docentes convidaram o movimento estudantil, as famílias e toda a população a se somarem na defesa da Educação Pública.