Inpe: Abril registra recorde de desmatamento na Amazônia desde 2015
O monitoramento realizado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostra que o mês de abril teve o maior índice de desmatamento na série histórica desde 2015. De acordo com as medições do Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), foram 580,55 km² desmatados na Amazônia, o equivalente a 58 mil campos de futebol.
A área desmatada em abril representa sozinha mais do que o acumulado entre janeiro e março deste ano, com 576,15 km². O mês de abril com a maior quantidade de área desmatada havia sido registrado em 2018, com 489,52 km².
Para Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, os dados mostram que as promessas de combater o desmatamento feitas pelo presidente Jair Bolsonaro Cúpula do Clima, em abril, foram “absolutamente vazias”.
“Os relatos que a gente ouve no chão da floresta é que a Amazônia virou uma espécie de parque de diversões de criminosos ambientais. Não existe fiscalização, plano de combate, nem ao menos uma postura que intimide. Pelo contrário: os sinais do governo que chegam para o crime organizado, madeireiros ilegais e grileiros é de que eles nunca tiveram um momento tão favorável”, disse Astrini.
“Com essa política de devastação, o governo impulsionando o desmatamento, o Brasil fica fora do jogo internacional do meio ambiente e perde recursos importantes. Além disso, essa postura atrapalha negócios, tanto que o acordo do Mercosul com a União Europeia está parado”, completou.
Esse é o segundo mês consecutivo em que o desmatamento bate recorde. No mês de março, o Deter detectou um aumento de 12,5% em relação ao mesmo período de 2020, uma perda de 367 km² de floresta, também maior área da série histórica para o mês.
Em nota, o Observatório do Clima (OC) afirma que, ao contrário do disse o governo Bolsonaro, que comemorou a queda de cerca de 15% nos alertas verificados entre agosto de 2020 e abril de 2021 (em relação ao mesmo período anterior), como resultado da ação do Exército na Amazônia, os dados demonstram que não há uma política de enfrentamento ao desmatamento.
“Os alertas têm oscilado mês a mês para cima e para baixo, o que mostra que não existe uma política consistente ou uma ação sustentada da administração federal para controlar a devastação”, diz a nota.
“Não há nenhum esforço federal de controle do desmatamento acontecendo na Amazônia. A fiscalização do Ibama está parada devido a mudanças impostas por Ricardo Salles nos procedimentos de autuação. O processo de punição a crimes ambientais também foi inviabilizado pelo ministro”, continua a nota.
Para Astrini, os grileiros, garimpeiros e madeireiros ilegais, estão sentindo que esse é o melhor momento para desmatar, uma vez que não há incentivo para diminuir a devastação e que, ao contrário disso, há movimentos para garantir a impunidade dos crimes ambientais.
“Esses criminosos estão sentindo que esta é a hora deles. E estão ganhando de presente do governo e do Congresso várias tentativas de eliminar a proteção legal às florestas, como a anistia à grilagem e agora o projeto de lei de licenciamento”, disse.