Protestos contra carestia e disparada no preço dos combustíveis se estenderam pela Inglaterra

Fileiras de caminhões, vans, carros e tratores na Inglaterra, País de Gales e Escócia bloquearam ontem as principais rodovias da Grã-Bretanha em protesto contra o aumento dos preços da gasolina, como parte de uma série de manifestações que se espalharam por cidades como Essex, Yorkshire, Lincolnshire, Shropshire e A92.

O protesto chega em um momento de total descontentamento com o aumento dos preços do gás e da gasolina, cujo litro está em torno de duas libras (cerca de13 reais). Por outro lado, os reservatórios de gás na Alemanha estarão vazios dentro de alguns meses sem novos suprimentos de gás russo, alertou Klaus Müller, presidente da Agência Federal de Redes da Alemanha.

As ações foram organizadas sob a consigna da mídia social Preço do Combustível Contra Imposto, com manifestantes pedindo ao governo que reduza as taxas sobre o combustível. Uma faixa dizia: “O governo está tentando nos taxar até a pobreza”.

“A pergunta que deve ser feita é por que as empresas de combustível estão lucrando bilhões durante uma crise, enquanto milhões de nós estão enfrentando a ruína financeira?”, disse Jay Daniels, ao jornal Morning Star. O participante do Don’t Pay, uma nova entidade que sugere ao público uma vasta desobediência civil, todos deixando de pagar as contas de energia neste inverno, assinalou que os protestos mostram a “raiva e o desespero crescendo no país, à medida que os trabalhadores comuns lutam para sobreviver”.

“Estamos recebendo mensagens todos os dias de pessoas absolutamente apavoradas, sem saber como vão pagar contas de energia, combustível, comida, hipotecas e aluguel”, relatou Daniels.

Vicky Stamper, ex-motorista de caminhão da cidade de Cwmbran, disse que ela e seu parceiro foram forçados a deixar seus empregos em Bristol porque não podiam mais comprar combustível.

“Perdi o emprego há duas semanas porque a empresa não tinha dinheiro para colocar combustível em todos os caminhões, então o último em entrar é o primeiro a sair”, relatou Stamper. Questionada sobre o que pediria ao primeiro-ministro Boris Johnson, ela respondeu rapidamente: “Renuncie”.

O manifestante Richard Dite, 44, soldador móvel da cidade de Maesteg, no sul do País de Gales, disse que estava lhe custando mais de £ 300 (1660 reais) por semana para ir trabalhar.

Doze pessoas foram presas depois que uma manifestação bloqueou a passagem na ponte Príncipe de Gales, onde a autoestrada M4 cruza o rio Severn, informou o jornal The Guardian.