São Paulo - Posto de gasolina em Pinheiros.

A inflação no governo Bolsonaro é a terceira maior entre os países do G20, segundo o relatório divulgado nesta quarta-feira (4) pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), índice oficial da inflação, acelerou durante a pandemia, impulsionada pela explosão dos preços dos combustíveis, dos alimentos e da energia elétrica, e atingiu em 12 meses até março deste ano 11,3% . Neste patamar, o Brasil está entre as maiores inflação do grupo dos países mais ricos do mundo, atrás apenas da Turquia e da Argentina.

Bolsonaro manteve os preços dos derivados do petróleo atrelados ao dólar, assim como dos alimentos, desencadeando uma carestia generalizada, corroendo o orçamento das famílias, particularmente das mais pobres, com o desemprego em níveis elevados e a renda do brasileiro desabando. Além disso, o governo desmontou os estoques reguladores de alimentos, sem qualquer política de segurança alimentar, deixando mais de 116 milhões de brasileiros sem saber o que comer no dia seguinte e 20 milhões passando fome. Em lugar de adquirir produtos para formar os estoques reguladores, o governo estimulou a exportação de alimentos e os brasileiros se quisessem comprar carne bovina, óleo de soja, arroz, por exemplo, tinham que pagar muito caro, em dólar. Faltou o tradicional feijão com arroz na mesa do brasileiro.

No conjunto de países da OCDE, que inclui todas as economias desenvolvidas e algumas emergentes, a inflação em 12 meses atingiu 8,8% em março. No grupo G20, a taxa está 7,9%. No G7, 7,1%.

Inflação nas maiores economia do mundo no acumulado em 12 meses até março de 2022:

1 – Turquia (61,1%)

2 – Argentina (55,1%)

3 Brasil (11,3%)

4 – Estados Unidos (8,5%)

5 – União Europeia (7,8%)

6 – México (7,5%)

7 – Alemanha (7,3%)

8 – Canadá (6,7%)

9 – Itália (6,5%)

10 – Reino Unido (6,2%)

11 – África do Sul (6,1%)

12 – Índia (5,4%)

13 – Austrália (5,1%)

14 – França (4,5%)

15 – Coreia do Sul (4,1%)

16 – Indonésia (2,6%)

17 – Arábia Saudita (2,0%)

18 – China (1,5%)

19 – Japão (1,2%)

G20 (7,9%) – estimativa inclui Rússia

G7 (7,1%)

OCDE (8,8%)

Preços dos combustíveis e juros altos aceleram inflação

O resultado da inflação oficial de abril será divulgado pelo IBGE no próximo dia 11. No entanto, a prévia da inflação (IPCA-15) registrou a maior alta para o mês de abril desde 1995, com a taxa no acumulado em 12 meses chegando a 12%.

Seguindo a política de atrelar os preços dos combustíveis que são produzidos no Brasil ao dólar e ao barril de petróleo no mercado internacional, em 11 de março deste ano a Petrobrás, com o aval do governo, aumentou em 18,8% o preço médio da gasolina, e em 24,9% o preço médio do diesel.

De acordo com o IBGE, a gasolina acumula alta de 30,12%, em 12 meses até abril. Já a alta do diesel chega a 52,53%.

Já o gás de cozinha acumula alta de 32,45% em 12 meses. Em março, o preço médio do botijão de 13 kg foi elevado em 16,1%. Depois deste mega aumento, o preço foi reduzido nas refinarias da Petrobrás para as distribuidoras em apenas 5,58%, em 9 de abril. Passadas semanas do anúncio, a redução não chegou até hoje aos consumidores.

Para agravar a crise, o Banco Central segue arrochando o setor produtivo, os empresários, os trabalhadores e as famílias brasileiras, e promoveu mais uma aumento na taxa básica de juros, com o Brasil retomando a liderança no ranking mundial de juros reais (descontada a inflação), segundo o levantamento feito pelo MoneYou e pela Infinity Asset Management. De 40 países do ranking, 28 estão com os juros negativos.

Como afirmou o economista Nilson Araujo de Souza, em janeiro deste ano, ao desmontar os argumentos do presidente do Banco Central sobre a elevação dos juros no Brasil: “Em que a elevação da taxa de juros no Brasil pode interferir nos preços das commodities (fixados internacionalmente), nas tarifas de energia elétrica (um preço administrado, conforme a própria carta) e nos “gargalos nas cadeias produtivas globais”? Fica claro na própria carta do presidente do BC que a inflação que castiga o Brasil neste momento resulta de um choque de oferta. Portanto, para conjurá-la, tem que atacar pelo lado da oferta: 1) formando estoques reguladores de alimentos na safra que se inicia; 2) refinando internamente a quantidade de combustíveis indispensável ao abastecimento interno; 3) mudando a política de reajuste dos preços administrados, a começar por energia e combustíveis; 4) instituindo a taxação na exportação de petróleo em bruto e alimentos”, defendeu o economista.