Inflação e renda derrubam faturamento dos restaurantes em outubro
Com o avanço da vacinação e a flexibilização das atividades econômicas, o setor de restaurantes reabriu as portas mas enfrenta a triste realidade que atinge os brasileiros: inflação em alta, desemprego elevado e queda na renda. Em outubro, o faturamento do segmento apresentou queda anual de 4,4% na comparação com o mesmo mês de 2020, segundo levantamento da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), em parceria com a Alelo.
“Mesmo com a reabertura e avanço da vacinação, o setor de restaurantes ainda enfrenta um cenário difícil. Uma das justificativas é a inflação, que acaba pressionando o segmento a repassar os aumentos para os clientes, associada a fraqueza econômica e queda na renda dos brasileiros”, destaca o presidente da Alelo, Cesario Nakamura.
Segunda a sondagem, que busca analisar o desempenho dentro do cenário da pandemia e consideram a inflação no período, “o valor gasto em outubro de 2021 foi 27,6% inferior ao observado no mesmo mês de 2019”. Além disso, “no mesmo horizonte comparativo, o número de transações efetivadas pelos estabelecimentos foi 44,0% menor, ao passo que o número de estabelecimentos que efetivaram ao menos uma transação no segmento permaneceu 4,7% abaixo do patamar pré-pandemia”, diz a nota do Índices de Consumo em Restaurantes (ICR).
O ICR revelou também uma queda de 0,5% na quantidade de vendas e um recuo de 3,1% no número de estabelecimentos que efetivaram pelo menos uma transação no mês de outubro.
“A avaliação dos resultados de outubro de 2021 tem como destaque a deterioração do consumo em restaurantes em todas as aberturas do indicador (número de estabelecimentos, volume de transações e valor das transações) tanto na comparação em 12 meses (outubro de 2020) quanto em 24 meses (outubro de 2019). Isso implica reconhecer que o desempenho do consumo do segmento não reagiu como se esperava, até o referido mês, aos avanços positivos da vacinação e a consequente flexibilização das regras sanitárias, permanecendo aquém dos níveis pré-pandemia. Como hipótese, é possível associar esses resultados ao cenário mais geral, que combina fraqueza econômica, inflação, queda na renda e, consequentemente, no poder de compra da população”, dizem a Fipe e Alelo.
Para supermercado, o consumo cresceu 2,6% em termos de valor total gasto na comparação com outubro de 2019. No entanto, o volume de transações foi 9,2% inferior na mesma base comparativa. No acumulado de 12 meses, o valor gasto nos supermercados apresentou queda de -0,6%.
A inflação geral acumula alta de 10,74%, 12 meses, até novembro, com a economia oficialmente em recessão e o desemprego elevado. Diante disso, o governo resolveu elevar a taxa básica de juros da economia (Selic) para 9,25% ao ano, que, além de ser travador de investimento, é uma paulada no consumo.