A disparada dos insumos agrícolas fez os custos do plantio dobrarem neste ano nos Estados Unidos. O custo dos insumos, por sua vez, leva a uma subida acelerada no preço dos alimentos (11,9% no últimos 12 meses, incluindo maio), o que contribui para uma inflação de 8,6% no período.

A inflação já é a maior em 40 anos.

O porta-voz do Departamento de Agricultura de Ohio, Ty Higgins, assinalou que a elevação de 11,9% nos preços dos alimentos está diretamente ligada ao aumento de gastos com insumos: maquinário, peças, fertilizantes e diesel.

“Quando você pensa na época de semeadura, imagine quantos tratores usam diesel, trabalhando dia e noite. O que costumava exigir US$ 300-400 por dia no ano passado agora chega a mil dólares”, declarou Higgins, em entrevista à agência de notícias russa RIA Novosti. A situação é particularmente complicada nos Estados Unidos, onde o óleo diesel corresponde a até 15% das despesas gerais de uma fazenda, de acordo com o California Farm Bureau.

Dados da American Automobile Association demonstram que o custo do diesel – conectado ao envolvimento dos EUA nas sanções à Rússia sob pretexto do conflito na Ucrânia – alcançou outro recorde histórico nesta semana, chegando a US$ 5,64 por galão (3,78 litros). Para comparar, em junho passado o galão custava cerca de US$ 3,19 e em 2020 era US$ 3,03.

Segundo Javier Zamora, um agricultor orgânico da Califórnia, suas despesas para a temporada de semeadura deste ano também dispararam e isso “é um grande problema porque fornecemos os nossos produtos diretamente a lojas, hospitais e escolas, pelo que a quantidade de dinheiro que vai para o combustível e tratores quase duplicou em relação ao ano passado”.

A consequência deste desastre é visível, como atesta o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Embora tenha havido um ligeiro avanço no plantio de grãos na segunda quinzena de maio, ele segue em atraso; o plantio também está aquém da média dos últimos cinco anos no milho e na soja.

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