Gasolina, conta de luz e alimentação ficaram mais caras para idosos

As elevações de preços de alimentos, transportes, conta de luz e outros itens pesam no bolso dos brasileiros em geral, mas alguns grupos sentem mais o impacto. É o caso da população de baixa renda, apontada em muitas análises como mais sensível às variações, e agora dos idosos.

O Índice de Preços ao Consumidor da Terceira Idade (IPC-3i), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getulio Vargas (FGV), mede a variação da cesta de consumo de famílias compostas, em sua maioria, por pessoas com mais de 60 anos.

No terceiro trimestre de 2020, o IPC-3i registrou alta de 1,93%. Em 12 meses, acumula alta de 4%. Com o resultado, a variação do indicador ficou acima da taxa acumulada pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC-BR), que abrange famílias com nível de renda mensal entre um e 33 salários mínimos. A variação do IPC-BR foi de 1,85% no terceiro trimestre e 3,62% em 12 meses.

Os principais responsáveis pelo aumento da taxa do IPC-3i foram os gastos nos grupos de despesas transportes (crescimento de 2,89%), habitação (alta de 1,72%), alimentação (2,74%) e educação, leitura e recreação (4,65%).

Dentro dos grupos, os itens específicos que registraram as maiores altas foram passagens aéreas (elevação de 49,67%), arroz (aumento de 22,39%), leite longa vida (alta de 15,41%), gasolina (8,64% mais cara) e tarifa de eletricidade residencial (aumento de 3,91%).

Cesta de consumo e renda

O economista Marco Rocha, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), explica que o que determina o peso da inflação para um determinado grupo é a cesta de consumo (ou seja, os itens geralmente comprados por eles) e o peso de cada item que a compõe.

“Dependendo de quanto você tem de renda para a composição do seu consumo, vai aumentar o peso de alguns itens. Por exemplo, a alimentação tem um peso muito forte para as famílias de baixa renda”, explica o economista.

“No caso tanto para a terceira idade quanto para a baixa renda, o que está provocando esse tipo de fenômeno está relacionado com preços de transportes e de itens relativos à alimentação. Entram também alguns preços de tarifas. Nesse caso [do índice para a terceira idade] pesou a eletricidade”, acrescenta.

O economista ressalta ainda que é provável que o grupo dos idosos e das faixas de renda mais se cruzem. “Muitos idosos vivem com BPC [Benefício de Prestação Continuada, no valor de um salário mínimo], ou têm aposentadoria de um salário. Para muitas famílias, o principal rendimento vem da aposentadoria dos idosos. É uma renda que vai sustentar uma família inteira”, diz.