O Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) afirma que a produção industrial nacional, de +0,8% em agosto frente a julho, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), “foi suficiente apenas para trazer a produção de volta ao nível de maio deste ano e não chegou a se difundir pela maioria dos ramos industriais”.
“Na indústria de transformação, a virtual estabilidade de +0,2% em jan-jun/19 vai dando lugar a um declínio: -0,4% em jan-ago/19“, diz o Iedi.
De maio a junho, a produção industrial geral acumulou um queda de (-0,9%): -0,1% em maio, -0,6% em junho e -0,2% em julho. “A alta de +0,8% compensou praticamente a integralidade desta perda”.
A produção da indústria de transformação em agosto, com uma variação de apenas +0,2% frente ao mês de julho, ficou “praticamente estagnada”.
O resultado de agosto se deu em função do ramo extrativo (+6,6% em agosto ante jul/19, com ajuste), um setor que agrega pouco valor, com grande participação de mineradoras estrangeiras e uma produção voltada basicamente para a exportação.
Já a indústria de transformação, “que congrega um conjunto mais diversificado de atividades industriais, foi contido pela maior parte de seus segmentos que não conseguiu crescer”, afirma o Iedi.
Dos 25 ramos da indústria de transformação acompanhados pelo IBGE, apenas 9 registraram variação positiva, enquanto 16 perderam produção. “Bens de consumo duráveis recuaram mais fortemente, bens de capital ficaram pelo terceiro mês consecutivo no vermelho, e semi e não duráveis retomaram sequência adversa. Apenas bens intermediários conseguiram avançar”, destaca o Iedi.
• Indústria geral: -0,1% em mai/19; -0,6% em jun/19; -0,2% em jul/19 e +0,8% em ago/19;
• Bens de capital: +0,3%; -0,6%; -0,1% e -0,4%, respectivamente;
• Bens intermediários: +1,4%; -0,6%; 0% e +1,4%;
• Bens de consumo duráveis: -2,3%; -0,7%; +0,4% e -1,8%;
• Bens de consumo semi e não duráveis: -1,5%; -1,0%; +1,3% e -0,4%, respectivamente.
Em relação a um ano atrás, a produção industrial geral em agosto caiu -2,3%. No acumulado de janeiro a agosto, a retração aumentou para -1,7%. Até julho, o recuo era de -1,5%, na comparação com o mesmo período do ao passado.
“Mesmo que os próximos meses sejam de crescimento, dificilmente deixaremos de ter um ano frustrante para a indústria. Sua recuperação perdeu massa crítica e o ano pode terminar em mera estagnação ou até mesmo no negativo. Projeções do Boletim Focus do Banco Central já apontam para uma queda de -0,5% da produção industrial no acumulado do ano”.