Índia e Rússia usam moedas locais no lugar do dólar no comércio
Ao invés de aderir à campanha de sanções movida por Washington, a Índia passou a importar mais petróleo, carvão e óleo de girassol da Rússia.
Apesar da pressão dos EUA – causador do conflito Rússia-Ucrânia através do expansionismo da Otan – por sanções globais à Rússia, a Índia está fortalecendo suas relações comerciais com Moscou.
Os dois países estão criando um mecanismo que facilitará a troca direta entre rupia, moeda da Índia, e rublo, moeda da Rússia nas transações comerciais.
O presidente da Federação Indiana de Organizações Exportadoras (FIEO), A Sakthivel, afirmou que o sistema deverá ser lançado nos próximos dias. Segundo ele, as exportações da Índia para a Rússia ainda não são tão fortes, mas “agora que todo o ocidente está banindo a Rússia, haverá várias oportunidades para as empresas indianas entrarem na Rússia”.
Desde o começo do ano, a Índia já importou 13 milhões de barris de petróleo da Rússia, que está oferecendo o produto com desconto em relação ao preço internacional, que subiu com as sanções. Durante todo o ano de 2021, a importação tinha sido de 16 milhões de barris.
O ministro do Aço da Índia, Ramchandra Prasad Singh, afirmou que o país está se “movendo na direção de importar carvão metalúrgico da Rússia”.
Singh afirmou que já foi confirmada a importação de 4,5 milhões de toneladas de carvão, mas sem indicar o período referente a isso. Navios carregando pelo menos 1,06 milhão de toneladas devem chegar aos portos indianos ainda em março. É a maior quantidade importada desde janeiro de 2020.
Segundo a Reuters, a Índia firmou um contrato para a importação de 45 mil toneladas de óleo de girassol russo, com entrega prevista para abril. Esse montante é mais do que o dobro do importado usualmente pela Índia.
Um membro do governo indiano, em condição de anonimato, afirmou que “a Índia importará mais itens da Rússia, especialmente se estiverem com desconto”.
Na ONU, a Índia, assim como a China, não está seguindo a posição dos Estados Unidos de condenar a Rússia pela guerra na Ucrânia.
O governo da Rússia já anunciou um conjunto de medidas econômicas e sociais, como o auxílio para pequenas e médias empresas e para as famílias mais pobres, além da nacionalização das multinacionais que saíram do país, para diminuir o impacto das sanções dos EUA em sua economia.
A guerra foi motivada pelo expansionismo da Otan, grupo militar liderado pelos Estados Unidos e que foi responsável por diversas invasões e guerras desde que foi criado. Depois do golpe de 2014, quando grupos financiados pelos EUA derrubaram o presidente eleito, foi inserido na Constituição da Ucrânia que o país deveria aderir à Otan, aliança militar abertamente hostil à Rússia e lotar a Ucrânia de armas na fronteira com a Rússia.