por Cézar Xavier

A preocupação com o clima de distúrbios que se anuncia nas eleições presidenciais no Brasil já ocupa as manchetes internacionais. O assassinato do guarda civil Marcelo Arruda por um bolsonarista, em Foz do Iguaçu, causou repercussão no mundo por envolver um dirigente petista num crime chocante. Arruda foi morto a tiros em frente a familiares em plena festa de aniversário, por motivo fútil.

Segundo a agência britânica Reuters, “a morte de Arruda é um mau presságio para as eleições gerais de outubro”. A notícia menciona as declarações de Jair Bolsonaro sugerindo que não vai aceitar o resultado das urnas, envolvendo os militares nas ameaças. O relato da agência é dos mais republicados na imprensa internacional.

Associated Press

A agência americana Associated Press (AP) menciona o repúdio de políticos ao assassinato. E também a acusação de Bolsonaro de que é a esquerda que incita a violência política. O relato da AP foi replicado no Washington Post, ABCNews, entre outros veículos por todo o mundo.

CNN dos EUA

CNN americana fez um relato dramático do atentado. “Meu pai disse ‘Cara, saia da minha festa. Eu sou policial, saia. Deixe-me curtir minha festa em paz.’ E o cara apontou para ele e puxou uma arma e apontou para ele”, disse Leonardo, filho de Marcelo, ao noticiário norte-americano.

A reportagem mais ampla da CNN relata episódios em que Bolsonaro incitou violência contra adversários e também menciona atentados recentes contra comícios de Lula. Ainda diz que Bolsonaro citou a invasão ao Capitólio de Washington em live.

Agência de notícias árabe

A agência árabe Al Mayadeen é enfática ao manchetar “Apoiador de Bolsonaro mata líder do PT”. Segundo o noticiário da África, Ásia e Oriente Médio, “a extrema-direita de Bolsonaro está ameaçando ativamente a vida dos líderes da oposição brasileira.” Traz imagens da festa de aniversário e noticia o artefato explosivo em comício no Rio de Janeiro.

Jornal de São Francisco (EUA)

O jornal californiano SFGate traz o relato da AP com fotos do caixão coberto por bandeiras do PT e da pré-campanha de Lula.

O jornal espanhol El País escreveu que um “líder do PT” foi morto a “a tiros pelas mãos de um bolsonarista”. “Marcelo Arruda, tesoureiro do partido de Lula, comemorava seu aniversário quando o assassino invadiu sua festa gritando “aqui somos de Bolsonaro, filhos da puta!”, salientou o jornal. 

Jornal francês

Os jornais franceses Le Parisien e Le Figaro deram ênfase às posições políticas de Arruda e Guaranho em seus títulos. O Le Parisien escreveu que um “ativista petista” foi morto por outro ativista “pró-Bolsonaro” e que o ex-presidente Lula atribuiu o caso ao “discurso de ódio” do capitão reformado. Na mesma linha, o Le Figaro disse que o “partido de Lula denuncia assassinato de um de seus ativistas”.

O jornal de Hong Kong é um dos que se baseou no relato da Reuters

Na Argentina, o jornal La Nación destacou a posição ideológica do assassino, enquanto o jornal Clarín enfatizou o caso como um assassinato por “ódio e violência política”.

Noticiário de Zurique

O alemão Neuer Zurcher Zeitung, por sua vez, noticia equivocadamente que os dois homens perderam a vida no incidente, e deixa evidente o ódio político envolvido no crime. “O presidente Bolsonaro twittou que se opunha à violência – não sem uma crítica à oposição”, disse o jornal de Zurique.

Jornal egípcio

O periódico egípcio Sétimo Dia traz o seguinte título: Um policial brasileiro obcecado pelo presidente mata um membro da oposição nas eleições presidenciais. O relato baseia-se na agência Telam que afirma que o Brasil vive um estado de violência política em um cenário de eleições presidenciais e polarização entre direita e esquerda, “especialmente porque as pesquisas de opinião apoiam a vitória do ex-presidente Lula da Silva, o que enfurece os partidários do atual presidente, Bolsonaro”.

Jornal do Partido Comunista de Israel

O jornal do Partido Comunista de Israel, Este é o Caminho, noticia o assassinato apontando para o risco que corre Lula nesta eleição e do aumento do seu esquema de segurança. O relato é baseado neste portal Vermelho. O jornal destaca declaração do deputado comunista Orlando Silva: “Qual o motivo do assassinato de um militante de esquerda em uma festa familiar em que ele comemorava 50 anos? Ódio político. É o ódio de apoiadores do presidente e do próprio Bolsonaro que estão por trás disto”.