Centros de triagem na fronteira se transformaram em verdadeiros campos de concentração

Uma imigrante sem documentação que vive nos EUA há mais de duas décadas e que atualmente está refugiada em uma igreja no estado de Ohio, foi multada pelo governo Trump em quase meio milhão de dólares por resistir à deportação.

No início desta semana, o presidente Trump assinou uma ordem executiva para cobrar todas as multas de qualquer pessoa que tivesse ingressado ilegalmente no país.

Como revelou o jornal The New York Times, como parte da investida xenófoba em curso, o Serviço de Imigração e Alfândega (ICE, na sigla em inglês) passou a emitir multas astronômicas para forçar a deportação de imigrantes.

Edith Espinal, de 42 anos, está vivendo há 21 meses em uma igreja menonita na cidade de Columbus, que lhe concedeu santuário, que é como é chamado nos EUA a proteção aos imigrantes ameaçados de perseguição por Trump. Ela passa seus dias rezando e lendo no templo que a abriga. Seu país de origem não foi revelado.

“Eu não tenho essa quantia de dinheiro”, relatou Espinal ao NYT, acrescentando jamais ter imaginado que a imigração enviasse tamanha cobrança.

A agência anti-imigração de Trump anunciou que tem “o direito” de impor penalidades civis de até US$ 799 por dia a imigrantes indocumentados que recusaram a deportação.

“O ICE está comprometido em usar vários métodos de conformidade, incluindo prisões, detenções, monitoramento tecnológico e sanções econômicas, para fazer cumprir a lei de imigração dos EUA e manter a integridade das ordens judiciais emitidas pelos juízes”, afirmou a porta-voz do serviço de caça aos imigrantes, Carol Danko.

A denúncia da nova modalidade de perseguição aos imigrantes pelo governo Trump – as multas extorsivas – ocorre em uma semana dominada pelas evidências de que os alertas de que os centros de triagem na fronteira se transformaram em verdadeiros campos de concentração, com milhares de pessoas e crianças em jaulas superlotadas, sem direito a banho, comida precária, maus-tratos e até mortes.

Fotos da própria inspetoria-geral do Homeland, o Departamento de Segurança Interna, mostraram essas condições extremas, corroborando os alertas de advogados e parlamentares que foram até essas prisões na fronteira do Texas com o México.

Trump reagiu à repercussão do descalabro mostrado, correndo para tuitar para sua base eleitoral, de olho em 2020, que “se os imigrantes ilegais estão descontentes com as condições nos centros de detenção … só lhes digam que não venham. Todos os problemas solucionados”.

Ele aproveitou para afagar sua gestapo da fronteira e seu “grande trabalho”, acrescentando que “muitos desses estrangeiros ilegais vivem muito melhor agora que (…) de onde vinham e em condições mais seguras”.