Ilha de Barbados proclama a República e safa-se do colonialismo inglês
A ilha caribenha de Barbados – uma antiga colônia da Grã-Bretanha – dispensou a rainha Elizabeth como chefe de Estado, declarando a criação de uma nova república, na terça-feira (30), com seu primeiro presidente e cortando os últimos laços coloniais remanescentes quase 400 anos depois que os primeiros navios ingleses chegaram à ilha.
A nova república nasceu logo após o estandarte real da rainha Elizabeth ser baixado sobre uma lotada Heroes Square em Bridgetown.
Depois de uma exibição de dança e música nacional , com discursos celebrando o fim do colonialismo, Sandra Mason foi empossada como a primeira presidente de Barbados, com a votação afirmativa do parlamento.
“Ponto final desta página colonial”, disse Winston Farrell, um poeta barbadense, na cerimônia.
O nascimento da república, 55 anos depois da declaração de independência de Barbados, desfaz quase todos os laços coloniais que mantinham a pequena ilha ligada à Inglaterra desde que os ingleses se apossaram dela na época do rei Jaime I em 1625.
A primeira-ministra Mia Mottley, líder do Movimento Republicano de Barbados, ajudou a conduzir a cerimônia. Mottley ganhou atenção global ao denunciar os efeitos da mudança climática nas pequenas nações caribenhas.
“Hoje é o dia!” comemorou a manchete da primeira página do jornal Daily Nation de Barbados.
O príncipe Charles, herdeiro do trono britânico, estava presente para testemunhar a transição, que os republicanos esperam que estimule a discussão de propostas semelhantes em outras ex-colônias britânicas que têm a rainha Elizabeth como soberana.
“Desde os dias mais sombrios do nosso passado, e a atrocidade aterradora da escravidão, que mancha para sempre a nossa história, o povo desta ilha forjou seu caminho com extraordinária fortaleza. Emancipação, autogoverno e independência foram seus pontos de referência. Liberdade, justiça e a autodeterminação têm sido seus guias”, disse ele.
Porém, enquanto a Grã-Bretanha considera a escravidão um pecado do passado, alguns barbadianos cobram uma compensação da Grã-Bretanha, além de pedidos de desculpas pelas barbaridades cometidas.
“A família real se beneficiou financeiramente da escravidão e muitos de nossos irmãos e irmãs africanos morreram na batalha pela mudança”, afirmou David Denny, secretário-geral do Movimento Caribenho pela Paz e Integração.
O ativista comemorou a criação da república, mas, em uma entrevista em Bridgetown, disse que se opõe à visita do príncipe Charles, destacando que “Nosso movimento também gostaria que a família real pagasse uma indenização”.
No plano internacional, Denny acredita que o passo que Barbados dará terá impacto internacional, pois espera que as ilhas vizinhas como Jamaica, Santa Lúcia, Granada, São Vicente e as Granadinas e Antígua e Barbuda, que ainda têm a rainha Elizabeth II da Inglaterra como sua chefe de Estado, sigam o seu exemplo e também se tornem repúblicas.