Iedi prevê segundo ano consecutivo no vermelho para a indústria
O Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) prevê – à luz dos dados da indústria divulgados pelo IBGE e a situação econômica do país – que o setor produtivo fechará o segundo ano no vermelho.
“As grandes distâncias que muitos ramos industriais ainda devem trilhar para pôr para trás o choque da Covid-19 farão de 2020 um ano de perda para o setor como um todo”, avaliou a entidade, ressaltando que a queda acumulada pela indústria de janeiro a julho de 2020 chegou a -9,6% sobre igual período do ano anterior. “As projeções do Boletim Focus para 2020 como um todo apontavam no final de agosto para recuo de -7,4%. Se assim for, será o segundo ano seguido no vermelho, já que 2019 terminou com resultado de -1,1%”.
“Na ausência de vacina ou tratamento eficaz para a Covid-19, ainda haverá desdobramentos negativos da pandemia, como desemprego elevado, rendimentos mais modestos para algumas famílias, agentes endividados, comércio internacional combalido e grandes incertezas em relação futuro”
Na quinta-feira (3) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou a pesquisa mensal da produção física da indústria em julho, mostrando alta na produção de 8% sobre o mês anterior alcançada devido à base de comparação extremamente deprimida.
“O desempenho positivo deste período, contudo, conseguiu recompor apenas uma parte das perdas provocadas pela Covid-19”, pondera o Iedi.
“O nível de produção do setor continua 6% abaixo daquele de fev/20, isto é, antes dos efeitos da pandemia no país”, diz o Instituto, ressaltando que “mais um mês de crescimento semelhante ao que temos visto e será coberto o vale produzido no bimestre mar-abr/20. O que ainda não se sabe é qual será o padrão de crescimento a partir deste ponto. E isso é importante, porque a atual crise se sobrepôs à de 2014-2016”.
Segundo a análise, as “bases de comparação mais altas e a redução dos programas emergenciais do governo” fazem crer que o desempenho da indústria esse ano todo não será suficiente para a recuperação do setor.
“Isso porque, na ausência de vacina ou tratamento eficaz para a Covid-19, ainda haverá desdobramentos negativos da pandemia, como desemprego elevado, rendimentos mais modestos para algumas famílias, agentes endividados, comércio internacional combalido e grandes incertezas em relação futuro”, disse o Iedi.
A análise ressalta que, mesmo em ascendência, “para alguns segmentos da indústria o retorno ao nível de produção pré-pandemia está mais distante”. É o caso de bens de capital e sobretudo bens de consumo duráveis, que em julho permaneceram 15,8% e 15,2% abaixo do patamar de fevereiro.
Dos subgrupos que permanecem muito distantes dos níveis pré-pandemia, o IEDI destacou: vestuário (38,7% abaixo de fev/20), veículos (32,9% abaixo) e couros e calçados (30,7% inferior).