Pelo segundo mês seguido, as vendas do comércio varejista do país registraram números negativos. De acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira (11 de julho), o comércio perdeu, em volume, -0,1% em maio na comparação com o mês anterior, após ter registrado queda de -0,4% em abril.
No acumulado do ano, o resultado é de variação de 0,7% e o nível de vendas permanence 7% abaixo do patamar de outubro de 2014. De acordo com a gerente da pesquisa, Isabella Nunes, é como se o ano de 2019 não tivesse começado para o varejo.
“Estes resultados estão sob a influência da perda de fôlego da economia, que mantém um grau de incerteza muito elevado ainda, além de um mercado de trabalho com entrada forte de trabalhadores informais. Essa informalidade reflete em renda média baixa, estável, que não tem capacidade de pressionar a massa de rendimento, que é o que impulsiona o consumo”, explicou.
O comércio acompanha o péssimo resultado da indústria, que em maio teve queda de -0,2% no volume de produção. Economistas avaliam que, sem demanda do varejo, os estoques da indústria estão crescendo e paralisando a produção. De abril para maio, os estoques cresceram 0,4 pontos percentuais de acordo com análise da Fundação Getúlio Vargas – FGV.
Diante dos sucessivos resultados negativos, o PIB (Produto Interno Bruto) do país caiu -0,2% no primeiro trimestre do ano e as expectativas para 2019 – que antes eram altas para o mercado financeiro – agora não passam da previsão de crescimento de apenas 0,8%.
Entre os segmentos do varejo, artigos de uso pessoal e doméstico (-1,4%) e combustíveis (-0,8%) tiveram as principais contribuições para o resultado. O setor de hiper e supermercados, apesar da variação positiva de 1,4%, não recuperou a perda de 3,5% registrada entre fevereiro e abril. Sobre maio do ano passado, as vendas em supermercados perdeu 1,2% em volume. Este setor responde por cerca de 50% do varejo.
Os segmentos que compõem o varejo ampliado (inclui veículos e material de construção) também tiveram resultados negativos: veículos, motos e peças caíram -2,1% de um mês para o outro, enquanto material de construção recuou -1,8%.
Por região, 11 das 27 tiveram resultados negativos em maio – com destaque para o comércio de Minas Gerais (-1,5%), Rio de Janeiro (-1,4) e Roraima (-1,4%).