O número de trabalhadores no mercado informal bateu recorde histórico no país, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD-Contínua) divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (27). Os números se referem ao trimestre encerrado em agosto deste ano.
Isso significa que 41,1% da população que se declarou ocupada no período trabalha sem carteira assinada e, portanto, sem renda fixa e sem direitos. Em números, essa taxa representa 38,8 milhões. É a maior proporção desde 2016, em plena recessão.
O número de empregados sem carteira assinada bateu novo recorde: 11,8 milhões de brasileiros, um aumento de 3,6% sobre o trimestre anterior (mais 411 mil pessoas) e 5,9% sobre frente ao trimestre de 2018.
Os que se declaram trabalhadores por conta própria, onde se enquadram os ambulantes, motoristas de aplicativos e quem vive de biscates, o crescimento em relação mesmo trimestre do ano passado foi de 4,7%, ou mais de 1,1 milhão de pessoas. Mais um recorde: 24,3 milhões de brasileiros vivendo de “bico”.
O aumento do subemprego levou à queda da taxa de desocupação em agosto, conforme o IBGE, de 12,3% – no trimestre encerrado em maio – para 11,8% em agosto. O que significa que 684 mil pessoas que encontraram emprego no período em que a taxa caiu foram absorvidas pela informalidade, representando 87,1% de quem conseguiu trabalho. Ainda assim, 12,6 milhões de pessoas no país estão à procura de emprego.
“A inserção se dá através da informalidade. Temos população ocupada recorde, mas com vínculos mais precários”, disse Adriana Beringuy, analista de trabalho e renda do IBGE.
Em 12 meses, 1,4 milhão de pessoas, ou 78,3% dos novos ocupados, ingressaram pela informalidade.
A chamada taxa de subutilização da força de trabalho ficou em 24,3%. Este número é composto por 27,8 milhões de pessoas que não encontram trabalho e por aquelas que trabalham menos horas do que gostariam.
Segundo o IBGE, o país ainda tem um total de 4,7 milhões de desalentados, que são aqueles que simplesmente desistiram de procurar emprego.
O número de empregados com carteira de trabalho assinada no setor privado (exclusive trabalhadores domésticos) chegou a 33 milhões no trimestre encerrado em agosto.
Esta semana, o governo comemorou o resultado do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) que mostrou saldo positivo de 121 mil empregos formais em agosto. Segundo o IBGE, a geração de emprego formal em agosto ficou estável. .
“O desemprego e o desalento foram responsáveis pelo crescimento da desigualdade no país nos últimos anos. Disparidades entre as remunerações, que têm a ver com a formalização ou não dos vínculos empregatícios, atuam nesse contexto. Benefícios e direitos típicos do setor formal se tornaram mais escassos e concentrados. Essa questão afetou a segurança dos trabalhadores para o consumo e vem dificultando a recuperação da economia”, opinou o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em nota técnica antecedente à Pnad sobre o aumento da desigualdade.