Na foto, Rio Paraopeba, em Brumadinho, com a margem coberta de minério.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revisou o resultado do PIB (Produto Interno Bruto) do país em 2019, revelando que o crescimento da economia foi ainda menor do que o resultado divulgado no primeiro ano de gestão de Jair Bolsonaro.

De acordo com nota do IBGE, divulgada na sexta-feira (05), ao invés do minguado crescimento de 1,4%, a economia teve variação de 1,2% em 2019. A taxa naquele ano foi ainda menor do que as já registradas em 2018 (1,8%) e em 2017 (1,3%), depois do país passar por dois anos de grande recessão (2015-2016). Uma economia estagnada, agravada pela pandemia e por um governo negacionista diante da ciência e da maior crise sanitária da história do país.

No início da pandemia, Guedes cantava aos quatro ventos que a economia crescia em “V”, estava “em pleno voo”, quando foi atingida pela crise sanitária. O negacionismo também na economia levou o país a registrar as maiores taxas de desemprego da história, falências e queda na renda. O resultado só não foi pior graças ao Congresso Nacional e a sociedade organizada que garantiu o auxilio emergencial de R$ 600. Foram agraciadas mais de 60 milhões de pessoas em todo o país que, diante da pandemia, ficaram sem renda. Para o governo, bastava um “vale” de R$ 200, porque, segundo Bolsonaro, “a pandemia não passava de uma gripezinha”.

A atualização do PIB mostra o verdadeiro desastre econômico que o governo Bolsonaro tem sido para o país. O PIB do primeiro ano de gestão se soma ao resultado de 2020, ano da pandemia, quando a economia tombou 4,1% graças às deliberadas ações deste governo de boicote às medidas de restrição, à vacina e ao bem-estar da população. Para 2021, as previsões são de que o país sequer recupere as perdas do ano anterior. Já para o ano que vem, as estimativas já são de crescimento zero ou negativo.

Revisão por setor

De acordo com o IBGE, em 2019 a indústria caiu 0,7%, enquanto os serviços tiveram alta de 1,5% e a agropecuária de 0,4%. Segundo os dados revisados, 9 dos 12 grupos de atividades econômicas registraram crescimento ou estabilidade, enquanto Indústria de transformação (-0,4%), administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social (-0,4%) e indústrias extrativas (-9,1%) tiveram retração.

O consumo das famílias, que responde por 63,7% do PIB, teve variação de 2,6%. O consumo do governo, que engloba as despesas com bens e serviços oferecidos pelo governo à coletividade, caiu 0,5% em 2019, após terem crescido 0,8% em 2018.

O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e serve como indicador de evolução da economia. Com a revisão da taxa para 1,2%, seu valor passou a ser estimado em R$ 7,389 trilhões em 2019. Usualmente o IBGE, responsável pelo cálculo, revisa os dados passados dois anos do período de referência afim de agregar novos dados.

O IBGE explicou que a revisão decorre da incorporação de dados sobre o impacto econômico do criminoso rompimento da barragem em Brumadinho, que ajustou o PIB da indústria extrativa mineral de -0,9% para -9,1%.

A barragem da mineradora Vale na mina Córrego do Feijão, situada no município de Brumadinho (MG), rompeu-se em 25 de janeiro de 2019. Em quase três anos da “tragédia-crime”, 262 vítimas foram encontradas, mas oito famílias seguem a espera da localização dos corpos. O governo Bolsonaro faz vista grossa e a o processo segue em passo lento.

“Quase três anos da ‘tragédia-crime’, quase três anos também de impunidade, ninguém preso, ninguém punido. A gente quer que as empresas sejam responsabilizadas e que as pessoas que contribuíram para o rompimento da barragem também sejam punidas”, afirmou Alexandra, que atualmente preside a associação dos familiares de vítimas, em declaração ao g1.