Mancha de óleo é vista na praia do Pontal do Peba, vizinha à foz do Rio São Francisco em AL.

Durante uma vistoria realizada nesta quarta-feira (9) pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama-AL) e pela Marinha, foi constatado que as manchas de petróleo que estão surgindo no litoral nordestino já chegaram à Foz do Rio São Francisco. O resíduo foi encontrado no município de Piaçabuçu, em Alagoas.
O secretário de Meio Ambiente e Turismo de Piaçabuçu, Otávio Augusto, acompanhou os trabalhos e informou que, além das manchas localizadas em trecho da areia do rio, também foram achadas duas tartarugas cobertas de óleo. Uma delas, localizada na foz, estava morta; a outra, encontrada na praia de Feliz Deserto, estava com vida e foi encaminhada para tratamento em Sergipe.
Desde o início do mês de setembro, crostas de óleo são vistas no litoral nordestino. Segundo o último balanço do Ibama, que ainda não inclui os trechos do rio em Piaçabuçu, o petróleo já atingiu 138 áreas. Em Alagoas, o último boletim do Ibama mostrou 16 locais em 10 municípios.
O governo Bolsonaro levou mais de um mês após os relatos do aparecimento das manchas para apurar o ocorrido.


No vídeo, é possível ver funcionários da limpeza urbana da cidade tentando pegar um pouco do óleo, que é espesso e denso. Na praia dos artistas apareceram também manchas menores na areia.
Segundo o professor da Faculdade de Oceanografia da Universidade do Estado do Rio (UERJ), o vazamento de petróleo que poluiu praias nos nove estados do nordeste já é o maior episódio, em termos de extensão, de vazamento de óleo oriundo de uma mesma origem.
Segundo ele, pode levar de dez a 20 anos para que todo o resíduo seja eliminado do oceano. “Nunca tive notícias de um derrame desses antes no Brasil, só se compara ao que aconteceu em Macondo (Golfo do México)”, acrescenta o engenheiro ambiental.
A extensão da costa nordestina atingida pelas manchas de petróleo desde o dia 2 de setembro chegou a 2.100 quilômetros dos nove estados da região. O acidente ambiental já é considerado o maior da história litoral brasileiro em termos de extensão.

“Esse vazamento atingiu a maior extensão, com certeza. É uma situação que nunca ocorreu na história do país, e desconhecemos se algo similar no mundo”, afirma Marcelo Amorim, coordenador-geral de Emergências Ambientais do Ibama e que atua como líder da força-tarefa federal.
RELATÓRIO
Segundo relatório divulgado nesta terça-feira (8) pela Petrobrás, as manchas que estão poluindo as praias do nordeste brasileiro são uma mistura de óleos da Venezuela. A Petrobras concluiu que o óleo não é produzido, comercializado nem transportado pela estatal.
Maria Christina Araújo, oceanógrafa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), considera que a principal hipótese.
“Inicialmente, havia uma suposição de que seria um despejo ilegal no alto mar, mas, em vista da quantidade de petróleo, essa possibilidade é praticamente descartada. Seria um vazamento acidental”, disse. “Agora, imagens de satélite estão sendo analisadas para tentar identificar a origem das manchas de óleo. Esta informação deve então ser cruzada com a trajetória da embarcação. Mas, por enquanto, temos mais perguntas do que respostas. Nunca vimos no Brasil um desastre de tal magnitude, que afeta uma área tão extensa”, destacou a pesquisadora ao portal G1.
As investigações sobre a origem do petróleo que contamina todo o litoral do Nordeste se concentram, na fase atual, em 23 embarcações suspeitas.