Ministra Zsuza Hegedus comparou retórica de Órban com a do nazista Goebbels e retirou-se do governo

Em declaração racista, o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Órban, se arvorou a falar pelo país ao dizer que os húngaros não querem se tornar um povo “mestiço” e foi logo rechaçado por lideranças de seu país e da Europa.

A ministra da Inclusão Social, Zsuzsa Hegedus, pediu demissão do cargo e disse que o discurso “é pura retórica nazista digna de Joseph Goebbels”, ministro da Propaganda da Alemanha nazista. Hegedus e Orban foram aliados por mais de 20 anos.

Em um evento na Romênia, Órban falou que “existe um mundo em que os povos europeus são misturados com aqueles que chegam de fora da Europa. Esse é um mundo de raças mistas”.

“E há o nosso mundo, em que as pessoas da Europa se deslocam, trabalham e se mudam. É por isso que sempre lutamos: estamos dispostos a nos misturar, mas não queremos nos tornar povos mestiços”.

“Onde coabitam povos europeus e não europeus não são mais nações. Esses países não passam de conglomerados de povos”, completou o primeiro-ministro.

Zsuzsa Hegedus disse que não sabe como Órban “não foi capaz de perceber que a declaração é pura retórica nazista digna de Joseph Goebbels. Depois de tal discurso, que contradiz todos os meus valores básicos, não tive outra escolha: tenho que romper com você”.

O deputado do Parlamento Europeu, Katalin Cseh, do partido de oposição Momentum, disse que a declaração de Orban “lembra uma época que acho que todos gostaríamos de esquecer. A diversidade fortalece a nação, não a enfraquece”.

Outro eurodeputado Alin Mituţa, da Romênia, país onde o discurso racista foi proferido, disse que “falar sobre raça ou ‘pureza’ étnica, especialmente em uma região tão mista como a Europa Central e Oriental, é puramente ilusório e perigoso”.