Hungria se torna o primeiro país do bloco europeu a aplicar a vacina russa.

A Hungria iniciou na sexta-feira (12) a vacinação contra a Covid-19 com a Sputnik V, o imunizante desenvolvido pelo Instituto Gamaleya, da Rússia, tornando-se o primeiro país integrante da União Europeia a fazê-lo.

“Hoje começamos a inocular a vacina Sputnik V, isso ocorrerá nos centros de vacinação designados”, anunciou a Diretora Geral de Saúde, Cecilia Muller. A Hungria adquiriu dois milhões de doses da Sputnik V, para entrega ao longo de três meses, o suficiente para vacinar 1 milhão de pessoas.

A Hungria aprovou o uso da Sputnik V em 7 de fevereiro, cinco dias após a publicação do artigo da prestigiosa revista médica The Lancet, atestando a segurança e eficácia da vacina russa em geral de 91,6% e de 91,8% em pessoas de mais de 60 anos, e exibindo os resultados provisórios da terceira fase do ensaio clínico da vacina. Os testes também revelaram que a vacina oferece proteção completa contra casos graves de coronavírus. A vacina é aplicada duas vezes, com intervalo de 21 dias.

A diretora Muller também mencionou a importância de conter a disseminação de novas variantes covid-19, incluindo a variante britânica.

O primeiro-ministro Viktor Orban disse que com a incorporação da Sputnik V e da chinesa Sinopharm, que se somam aos imunizantes da Pfizer/BioNTech, AstraZeneca e Moderna já aprovados pela UE, a Hungria espera vacinar 20% da população até a chegada da Páscoa.

Budapeste tem criticado repetidamente o processo de autorização e compra de vacinas pela União Europeia, muito lento segundo Orban. “Cada dia que esperássemos por Bruxelas, perderíamos 100 vidas húngaras”, disse o primeiro-ministro húngaro.

Também defendeu a capacidade de especialistas de seu país para avaliar as diferentes vacinas. “Temos que confiar em nós mesmos”, enfatizou.

O país também autorizou o uso da vacina chinesa Sinopharm, com acordo assinado para o fornecimento de 5 milhões de doses.

A Hungria tem mais de 380 mil casos de coronavírus e 13.543 mortes. Somente nas últimas 24 horas, registraram-se mais de 1.800 novos contágios e 97 mortes por Covid-19.

SUCESSO

A virada na forma com que a Sputnik V passou a ser vista, após a publicação dos resultados da terceira fase de testes clínicos pela The Lancet, levou o Washington Post a avaliar que a vacina russa poderá ser “uma história de sucesso global”.

Anteriormente, agência Bloomberg havia escrito que a vacina Sputnik V é o maior avanço científico da Rússia desde o colapso da União Soviética.

Conforme o Post, “mais de uma dúzia de países aprovou o uso da vacina, e é muito provável que muitos outros seguirão [o exemplo], uma vez que a vacina recebeu o selo de aprovação da The Lancet.

“A Sputnik V é consideravelmente mais barata do que as suas concorrentes ocidentais e não requer o mesmo tipo de infraestrutura de armazenamento ultrafrio, que complicaria a distribuição da vacina da Pfizer em grande parte dos países em desenvolvimento”, destaca o jornal.

O autor do artigo, Ishaan Tharoor, disse acreditar que o sucesso da Sputnik fortalecerá os esforços do Kremlin para desenvolver seu “poder brando” e considerou que é o resultado de uma grande estratégia nacional de pesquisa implementada na Rússia. Talvez, acrescentou, “o maior prêmio, pelo menos em termos geopolíticos, seja a Europa”.

O Post registrou ainda que os membros da União Europeia se defrontaram com escassez de imunizantes e falhas na aquisição de vacinas, o que deixou os países do bloco para trás em termos de vacinação da sua população em comparação com EUA e Reino Unido. Esta situação suscita o interesse pela vacina russa nos países da UE.